Muniz Sodré – escritor
“As divindades do panteão negro são princípios cosmológicos, ou seja, a explicação de como e por que o homem foi instalado no mundo. Isso ocorre com Xangô, Ogum e todos os orixás. Cada um é dotado de preceitos explicativos acerca dos humanos. Exu é visto como perigoso porque traz o que é instável. É ele quem transporta a fala, o fundamento da comunicação, e também está relacionado à sexualidade, que, em movimento, é considerada perigosa
Quando os antropólogos anglicanos chegaram à África e estudaram o sistema nagô, encontraram o Exu e toda a simbologia que há por trás desta divindade. Então, pensaram ‘se é tão livre sexualmente, se não tem fixidez, é o diabo’. Foi assim que Exu passou a ser representado para o ocidente como o demônio. Claro que os próprios cultos afro-brasileiros assumiram esta definição e, por influência do catolicismo, apresentam o Exu com aqueles chifres.
No culto negro não existe, sequer, diabo. E todo princípio cosmológico em toda a divindade é ambivalente, com aspectos sexuais, de perigo, de luta, de guerra e de ciúme porque tudo isso é constitutivo da humanidade. Só que Exu é o motor do sistema, é ele quem transporta as mensagens, é ele quem constitui a individualidade do sujeito”.
Mensageiro dos Orixás, ele é o primogênito do universo no mito da gênesis dos elementos cósmicos. É o resultado da integração água e terra, masculino e feminino, sendo o terceiro elemento. Cultuado entre os Orixás, apenas por seu intermédio é possivel adorar as Yabás-Mi (as feiticeiras). Traçar e abrir caminhos é uma das suas principais atividades, pois ele circula livremente entre todos os elementos do sistema. É o princípio da comunicação. Esta fortemente representado no Opon-Ifá (tábua adivinhatória de Ifá - Deus da Adivinhação) pelos triângulos e losângulos. O sistema oracular funciona graças a ele. Está profundamente associado ao segredo da transformação de materiais em indivíduos diferenciados. Exú é o alter ego de todos os indivíduos. É o princípio dinâmico da expansão (evolução), agente de ligação, princípio do nascimento de seres humanos, princípio da reparação (causa/efeito). Exerce o papel de propulsor do desenvolvimento, de mobilizador, de fazer crescer, de ligar, de unir o que está separado, de transformar, de comunicar e de carregar. Todos os Orixás necessitam de suas forças, pois ele está ligado à evolução e ao destino de cada um.
Exú é o primeiro que se serve e se cultua, é o Senhor, o decano de todos os elementos.
Como muitos não conhecem profundamente a religião iouobá, tiram conclusões apressadas e erradas quando se referem a Exú, tornando-o uma entidade voltada para o mal e apresenta nos círculos menos evoluídos como portadores de defeitos físicos, confundido com os Kiumbas (entidades defeituosas).
Embora conhecido como um escravo, a grande realidade é que Exú também é um Orixá, representando os santos como mensageiro, verdadeiro secretário, o cobrador da lei causa/efeito. Não se pode ir a um Orixá sem antes tratar de Exú. Embora seus toques sejam rápidos (ex. Bravum Adarrum), ele dança com satisfação qualquer toque aos Orixás quando ordenado. Exceto para Oxálufan, com qual ele brigou por desejar seu trono.
Exú é o detentor de axé e quem, junto com Olodumaré, criou o universo, ambos têm o mesmo poder.
Alguns veneram-no como a um "Orixá" (há controvérsias semânticas), considerando-o irmão de Ogum e Oxossi, filho de Iemonja. Seu ritual específico é o Ipade e a sua oferenda o Ebo. È costume dizer-se que existem 16 clãs desse Ara Orun Imole, e várias qualidades, como: Ajikonoro (o compadre), Legba (de Omulu) Lalu (de Osala, Iemoja e Osum), Bara ou do Corpo (o velho), Bori (de Sango), Afefe (de Iansan), Ogum ou de Ferro (de Ogum), Alafia (da satisfação), Alaketu, Lon Bii, Elekenae, Ajalu, Tiriri, Vira (é feminino), Tamentau, Rum Danto, Aluvaia, Paraná, Marambo, Bombom-Ngera, Sinza Muzila, Lonan, Gikete e Jubiabá. Conta a tradição: Olorum deu a Oxalá o domínio da Ordem e a Ifá a comunicação entre os Homens e os Orixás, através dos Odus Ifás transportados e vigiados por Exú, ligando assim os dois extremos das variações espirituais.
Olodumare (olorúm) é o principio de tudo é quem está entre o céu e a terra".
É o dono da criação. Com seus mistérios e seus elementos: aguá e terra e barro que somados formam o homem. E o homem somado a consciência formam os orixás. Exú é o principio de tudo pois foi gerado da terra e aguá (barro)
o ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles mesmo transformou-se em lama.
Dessa lama originou-se uma bolha ou montículo, a primeira matéria dotada de forma, um rochedo avermelhado e lamacento
olôrun admirou esta forma e soprou sobre o montículo, insuflou-lhe seu hálito e lhe deu vida.
Esta forma, a primeira dotada de existência individual,
um rochedo de laterita era "exú yangi !!!"
... Lorogum
Exú, sabedor de que uma rainha fora abandonada pelo seu rei (dormindo assim em aposentos separados). Procurou-a, entregou a ela uma faca e disse que se ela desejasse ter ele de volta deveria cortar alguns fios da sua barba ao anoitecer quando o rei dormisse. Em seguida, foi a casa do príncipe herdeiro do trono situada nos arredores do palácio e disse ao príncipe que o rei desejava vê-lo ao anoitecer com seu exército. Em seguida, foi até o rei e disse: a rainha magoada vai tentar matá-lo a noite finja que está dormindo para não morrer. E a noite veio. O rei deitou-se fingiu dormir e viu depois, a rainha aproximar uma faca de sua garganta. Ela queria apenas cortar um fio da barba do rei, mas ele julgou que seria assassinado. O rei desarmou-a e ambos lutaram, fazendo grande algazarra. O príncipe que chegava com seus guerreiros, escutou gritos nos aposentos do rei e correu para lá. O príncipe entrou nos aposentos e viu o rei com a faca na mão e pensou que ele queria matar a rainha e empunhou sua espada. O rei vendo o príncipe entrar no palácio armado a noite pensou que o príncipe queria matá-lo e gritou por seus guardas pessoais. Houve uma grande luta seguida de um massacre generalizado.
... Por Esquecimento ( Lendas referentes a Exú / Bara)
Uma mulher que esqueceu de alimentar exú se encontra no mercado vendendo os seus produtos. Exú então põe fogo na sua casa, ela corre prá lá, abandonando seu negócio. A mulher chega tarde, a casa está queimada e, durante esse tempo, um ladrão levou suas mercadorias. Nada disso teria acontecido se tivesse feito a exú as oferendas e os sacrifícios usuais em primeiro lugar.
... Sabedoria venceu ( Lendas referentes a Exú / Bara)
Um dia, oxalá cansado de ser zombado e trapaceado por exú, pois oxalá era muito orgulhoso e geralmente não agradava exú por ser um orixá mais velho. Decidiu combater exú para ver quem era o orixá mais forte e respeitado. E foi aí que oxalá provou a sua superioridade, pois durante o combate, oxalá apoderou-se da cabaça de bará a qual continha o seu poder mágico, transformando-o assim em seu servo.
Foi desde então que oxalá permitiu que exú recebesse todas as oferendas e sacrifícios em primeiro lugar...
... o grande golpe
Òrìsà Princípio de Movimento e Interligação. Certa vez, dois amigos de infância, que jamais descutiam, esqueceram-se de fazer-lhe as oferendas devidas para Esù. Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça. As terras eram vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro. Esù, zangado pela negligência dos dois amigos, decidiu preparar-lhes um golpe à sua maneira: Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo. Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos e, muito educadamente, cumprimentou-os:
"Bom trabalho, meus amigos !"
Estes, gentilmente, responderam-lhe:
"Bom passeio, nobre estrangeiro !"
Assim que Esù afastou-se, o homem que trabalhava no campo da direita, falou para o seu companheiro:
"Quem pode ser este personagem de boné branco ?"
"Seu chapeu era vermelho", respondeu o homem do campo a esquerda.
"Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe !"
'Ele era vermelho, de um vermelho escarlate, de fulgor insustentável !"
"Ele era branco, tratar-me de mentiroso ?" "Ele era vermelho, ou pensas que sou cego ? "
Cada um dos amigos tinha razão e ambos estavam furioso da desconfiança do outro. Irritados, eles agarraram-se e começaram e bater-se até matarem-se a golpes de enxada.
Esù estava vingado ! Isto não teria acontecido se as oferendas de Esù não tivessem sido negligenciadas. Pois Esù pode ser o mais benevolente dos Òrìsàs se é tratado com consideração e generosidade. Há uma maneira hábil de obter um favor de Esù. É preperar-lhe um golpe mais astuto que aqueles que ele mesmo prepara.
... a grande seca
Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum Òrìsà invocado escutou suas queixas e gemidos. Aluman decidiu, então, oferecer a Esù grandes pedaços de carne de bode. Esù comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Esù teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha em casa, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede.
Esù foi a torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória: "Joro, jara, joro Aluman; Joro, jara, joro Aluman."
E as rãsinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar. Aluman, reconhecido, ofereceu a Esù carne de bode com o tempero no ponto certa da pimenta. Havia chovido bastante. Mas, seria desastroso !!! Pois, em todas as coisas, o demais é inimigo do bom.
... filho de Orunmilá
Um dia Orunmilá foi procurar Osalá em seu palácio. Orunmilá e sua mulher queriam ter um filho. Chegando ao palácio de Osalá, Orunmilá encontrou Esú Yangui sentado à esquerda da entrada principal. Já dentro do palácio, e diante do velho rei, Orunmilá fez seu apelo, escutando de Osalá uma resposta negativa. O velho rei afirmou-lhe que ainda não era tempo da chegada de um filho. Orunmilá, insatisfeito e ao mesmo tempo curioso, perguntou à Osalá quem era aquele menino sentado à porta do palácio e pediu ao rei, se poderia levá-lo como filho. Osalá garantiu-lhe que não era o filho ideal de se ter, ao que Orunmilá insistiu tanto em seu pedido que obteve a graça de Osalá.
Tempos depois nasceu Esú, filho de Orunmilá. Para espanto dos pais, nasceu falando e comendo tudo que estava a sua volta, acabando por devorar a própria mãe. Esú aproximou-se de Orunmilá para também comê-lo, entretanto o adivinho tinha consigo uma espada e enfurecido partiu para matar o filho. Esú fugiu, sendo perseguido por Orunmilá, que a cada espaço do céu alcançava-o, cortando Esú em duzentos e um pedaços. A cada encontro, o ducentésimo primeiro pedaço transformava-se novamente em Esú. Assim terminaram por atingir o último espaço sagrado e, como não tinham mais saída, resolveram entrar num acordo. Esú devolveu tudo o que havia comido, inclusive sua mãe, em troca seria sempre saudado primeiro em todos os rituais.
...Esu ganha o poder sobre as encruzilhadas.
Esu não possuia riquezas, não possuia terras, não possuia rios, não tinha nenhuma profissão, nem artes e nem missão. Esu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro. Então um dia, Esu passou a ir à casa de Osalá. Ia à casa de Osalá todos os dias. Na casa de Osalá, Esu se distraía, vendo o velho fabricando os seres humanos. Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá, mas ali ficavam pouco, quatro dias, sete dias, e nada aprendiam. Traziam oferendas, viam o velho orixá, apreciavam sua obra e partiam.
Esu foi o único que ficou na casa de Oxalá ele permaneceu por lá durante dezesseis anos. Esu prestava muita atenção na modelagem e aprendeu como Oxalá modelava as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens, as mãos, os pés, a boca, os olhos, e a vagina das mulheres. Durante dezesseis anos ali ficou auxiliando o velho Orixá.
Esu observava, não perguntava nada Esu apenas observava e prestava muito atenção e com o passar do tempo aprendeu tudo com o velho. Um dia Osalá disse a Esu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam os que vinham à sua casa. Para ficar ali e não deixar passar quem não trouxesse uma oferenda a Osalá.
Cada vez mais havia mais humanos para Osalá fazer. Osalá não queria perder tempo recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam. Osalá nem tinha tempo para as visitas. Esu que tinha aprendido tudo, agora podia ajudar Osalá. Era ele quem recebia as oferendas e as entregava a Osalá. Esu executava bem o seu trabalho e Oxalá decidiu recompensá-lo. Assim, quem viesse à casa de Osalá teria que pagar também alguma coisa a Esu.Esu mantinha-se sempre a postos guardando a casa de Osalá. Armado de um ogó, poderoso porrete, afastava os indesejáveis e punia quem tentasse burlar sua vigilância. Esu trabalhava demais e fez sua casa ali na encruzilhada. Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, e sua casa. Esu ficou rico e poderoso.
E ninguém pode mais passar pela encruzilhada sem fazer uma paga a Esú
... Exu atrapalha-se com as palavras
No começo dos tempos estava tudo em formação, lentamente os modos de vida na Terra forma sendo organizados, mas havia muito a ser feito.
Toda vez que Orunmilá vinha do Orum para ver as coisas do Aiê, era interrogado pelos orixás, humanos e animais, ainda não fora determinado qual o lugar para cada criatura e Orunmilá ocupou-se dessa tarefa.
Exu propôs que todos os problemas fossem resolvidos ordenadamente, ele sugeriu a Orunmilá que a todo orixá, humano e criatura da floresta fosse apresentada uma questão simples para a qual eles deveriam dar resposta direta, anatureza da resposta individual de cada um determinaria seu destino e seu modo de viver, Orunmilá aceitou a sugestão de Exu. E assim, de acordo com as respostas que as criaturas davam, elas recebiam um modo de vida de Orunmilá, uma missão, enquanto isso acontecia, Exu, travesso que era, pensava em como poderia confundir Orunmilá.
Orunmilá perguntou a um homem: "Escolhes viver dentro ou fora?". "Dentro", o homem respondeu, e Orunmilá decretou que doravante todos os humanos viveriam em casas.
De repente, Orunmilá se dirigiu a Exu: "E tu, Exu? Dentro ou fora?". Exu levou um susto ao ser chamado repentinamente, ocupado que estava em pensar sobre como passar a perna em Orunmilá, e rápido respondeu: "Ora! Fora, é claro", mas logo se corrigiu: "Não, pelo contrário, dentro", Orunmilá entendeu que Exu estava querendo criar confusão, falou pois que agiria conforme a primeira resposta de Exu, disse: "Doravante vais viver fora e não dentro de casa".
E assim tem sido desde então, Exu vive a céu aberto, na passagem, ou na trilha, ou nos campos, diferentemente das imagens dos outros orixás, que são mantidas dentro das casas e dos templos, toda vez que os humanos fazem uma imagem de Exu ela é mantida fora.
... Esú instaura o conflito entre Iemanjá, Oiá e Oxum
Um dia, foram juntas ao mercado Oiá e Oxum, esposas de Xangô, e Iemanjá, esposa de Ogum. Exu entrou no mercado conduzindo uma cabra. Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia. Aproximou-se de Iemanjá, Oya e Oxum e disse que tinha um compromisso importante com Orunmila.
Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte búzios. Propôs que ficassem com a metade do lucro obtido. Iemanjá, Oiá e Oxum concordaram e Exu partiu.
A cabra foi vendida por vinte búzios. Iemanjá, Oiá e Oxum puseram os dez búzios de Exu a parte e começaram a dividir os dez búzios que lhe cabiam. Iemanjá contou os búzios. Haviam três búzios para cada uma delas, mas sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais. Da mesma forma Oiá e Oxum tentaram e não conseguiram dividir os búzios por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior parte.
Iemanjá disse: “É costume que os mais velhos fiquem com a maior porção. Portanto, eu pegarei um búzio a mais”.
Oxum rejeitou a proposta de Iemanjá, afirmando que o costume era que os mais novos ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.
Oyá intercedeu, dizendo que , em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia à do meio.
As três não conseguiam resolver a discussão. Então elas chamaram um homem do mercado para dividir os búzios eqüitativamente entre elas. Ele pegou os búzios e colocou em três montes iguais. E sugeriu que o décimo búzio fosse dado a mais velha. Mas Oiá e Oxum, que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se recusaram a dar a Iemanjá a maior parte.
Pediram a outra pessoa q eu dividisse eqüitativamente os búzios. Ele os contou, mas não pôde dividi-los por igual. Propôs que a parte maior fosse dado à mais nova. Iemanjá e Oiá.
Ainda um outro homem foi solicitado a fazer a divisão. Ele contou os búzios, fez três montes de três e pôs o búzio a mais de lado. Ele afirmou que, neste caso, o búzio extra deveria ser dado àquela que não é nem a mais velha, nem a mais nova. O búzio devia ser dado a Oiá. Mas Iemanjá e Oxum rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar o búzio extra a Oiá. Não havia meio de resolver a divisão.
Exu voltou ao mercado para ver como estava a discussão. Ele disse: “Onde está minha parte?”.
Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de modo eqüitativo. Exu deu três a Iemanjá, três a Oiá e tre a Oxum. O décimo búzio ele segurou. Colocou-o num buraco no chão e cobriu com terra. Exu disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o costume que se seguia no Orun.
Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados. Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes e dos sacrifícios aos Orixás, aos antepassados. Assim também com o dinheiro. Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser.
Quando qualquer coisa vem para alguém, deve-se dividi-la com os antepassados. “Lembrai que não deve haver disputa pelos búzios.”
Iemanjá, Oiá e oxum reconheceram que Exu estava certo. E concordaram em aceitar três búzios cada.
Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Oió passaram a ser mais cuidadosos com relação aos antepassados, a eles destinando sempre uma parte importante do que ganham com os frutos do trabalho e com os presentes da fortuna.
... Exu leva aos homens o oráculo de Ifá
Em épocas remotas os deuses passaram fome. Às vezes, por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra.
Os deuses cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerras assombrosas. Os descendentes dos deuses não pensavam mais neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer. Como ser novamente alimentados pelos homens ? Os homens não faziam mais oferendas e os deuses tinham fome. Sem a proteção dos deuses, a desgraça tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.
Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de solução. Exu foi até Iemanjá em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens. Iemanjá lhe disse: "Nada conseguirás. Xapanã já tentou afligir os homens com doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios".
Iemanjá disse: "Exu matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que comer. Xangô já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele. Então é melhor que procures solução em outra direção. Os homens não tem medo de morrer. Em vez de ameaçá-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade de tê-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos".
Exu retornou o seu caminho e foi procurar Orungã.
Orungã lhe disse: "Eu sei por que vieste. Os dezesseis deuses tem fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfaça.. Eu conheço algo que pode fazer isso. É uma grande coisa que é feita com dezesseis caroços de dendê. Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás conquistar os homens".
Exu foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos dezesseis cocos. Exu pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com eles. Os macacos então lhe disseram: "Exu, não sabes o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira? Vai andando pelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada um desses lugares recolheras dezesseis odus. Recolherás dezesseis histórias, dezesseis oráculos. Cada história tem a sua sabedorias, conselhos que podem ajudar os homens. Vai juntando os odus e ao final de um ano terás aprendido o suficiente. Aprenderás dezesseis vezes dezesseis odus. Então volta para onde moram os deuses. Ensina aos homens o que terás aprendido e os homens irão cuidar de Exu de novo".
Exu fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Céu dos Orixás. Exu mostrou aos deuses os odus que havia aprendido e os deuses disseram: "Isso é muito bom".
Os deuses, então, ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens. Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos deuses e os acontecimentos do porvir. Quando jogavam os dezesseis cocos de dendê e interpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a fazer sacrifícios aos Orixás para afastar os males que os ameaçavam. Eles recomeçavam a sacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixás estavam satisfeitos e felizes. Foi assim que Exu trouxe aos homens o Ifá.
Livro Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi – 200 https://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/epilogo.htm 1 (fonte:lendas do orixás)
Èsù é um Orixá africano, também conhecido como: Exu, Esu, Eshu, Bara, Ibarabo, Legbá, Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù, Yangí, Ònan, Lállú, Tiriri, Ijèlú. Algumas cidades onde se cultua o Exu são: Ondo, Ilesa, Ijebu, Abeokuta, Ekiti, Lagos.
Èsù A contracara de Olodumare, de quem também não conhece-se seu princípio e co-habitava junto a este no começo dos tempos. Senhor dos Caminhos, do movimento ou acção, é a energia primordial do movimento no universo que provoca o desequilíbrio que faz possível as mudanças e a evolução.
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Elegba ou Elegbára É o dono dos caminhos e o destino, é o que abre ou fecha o caminho à felicidade; é muito travieso e seu nome significa "Dono da rata veloz" (Oní-egbára) na escritura yorùbá a palavra oní-egbára por fonética escreve-se e pronuncia como: Elegbára, por tal motivo é associado com as ratas e os ratos vivaces, animalillos que também lhe são ofrendados na África. Por outro lado, Elégba (Légba) é a forma mais usada pelos grupos nagos de Benin (ex-Dahomey) onde se lhe conhece como o "Dono do chicote" (Oní-egba) já que é quem encarrega-se de castigar a quem não cumprem as regras estabelecidas por Òrìsà ou a quem não fazem as oferendas prescriptas. Também conhecido baixo o nome Bàrà, pois representa ao Èsù pessoal da cada ser humano, se Èsù é uma energia que habita no universo, Bàrà é uma porção pequena dessa energia habitando na cada Ser.
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MENSAGEIROS DE RUA
Os exus ou povo da rua são concebidos nas correntes predominantes na Umbanda como guardiões, encaminhadores e combatentes das forças das trevas. Cabe a eles o combate direto contra as energias que circulam no Astral Inferior, pois conhecem profundamente os caminhos e trilhas desse ambiente energético. É a sua função primeira, assim como a dos caboclos e pretos-velhos é a de orientar e aconselhar. Seriam os "policiais" do além, agentes e mensageiros dos orixás a cujas linhas pertencem e com os quais estão comprometidos, encarregados de reprimir os quiumbas, espíritos obsessores e moralmente atrasados. Nessa concepção, os exus não fazem o mal, mas devolvem o mal feito a outros, às vezes até com mais força.
Suas funções são cortar demandas, desfazer trabalhos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos retirando os encostos e espíritos obsessores e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
Outras concepções, provavelmente mais comuns nos terreiros populares, fazem dos exus forças amorais, dispostas a fazer o mal a quem fizer oferendas e sacrifícios, sem distingui-los claramente dos quiumbas e sincretizando-os aos demônios cristãos. Nessa perspectiva, fazem parte da legião de Lúcifer, anjo que se revoltou contra o Criador e foi expulso dos Céus e suas fileiras se organizam sob o comando de uma trindade - Lúcifer, Belzebu e Astarot - análoga à trindade cristã, Pai, Filho e Espírito Santo, sincretizados, respectivamente, com Obatalá, Oxalá e Ifá.
Uma tentativa de harmonizar essas concepções distingue três tipos de exus:
- Exu pagão ou Exu-quiumba: não sabe distinguir o bem do mal e trabalha para quem pagar mais. Não é confiável, pois se for apanhado, é castigado pelas falanges do bem e volta-se contra quem o mandou. São os quiumbasda Umbanda tradicional.
- Exu batizado ou Exu-de-lei: já conhece o bem e o mal, praticando os dois conscientemente; são os capangueiros ou empregados das entidades, a cujo serviço evoluem na prática do bem, porém conservando suas forças de cobrança. São os exus propriamente ditos na Umbanda tradicional.
- Exu coroado: após grande evolução como empregado das entidades do bem, recebem, por mérito, a permissão de se apresentarem como elementos das linhas positivas, caboclos, pretos-velhos,crianças etc.
De qualquer forma, os exus gostam de fumar, beber, rir, brincar com as pessoas e dizer palavrões. São francos e diretos, não fazem rodeios nem mentem. Supõe-se que muitos exus foram pessoas comuns (inclusive, ou principalmente, malandros e prostitutas) que cometeram alguma falha e escolheram, ou foram escolhidos, a vir nessa forma para redimir seus erros passados. Outros seriam espíritos evoluídos que escolheram ajudar e continuar sua evolução atendendo e orientando as pessoas e combatendo o mal.
O dia dos exus é a segunda-feira e geralmente bebem cachaça. Sua roupa, quando possível, é preta e vermelha. Costuma-se fazer-lhes oferendas nas encruzilhadas, colocando dinheiro, velas pretas e vermelhas, charutos e cachaça ou batida de mel. No caso das pombagiras (exus femininos), costuma-se oferecer cigarros rosas e champanhe ou licor de anis.
Exus populares
A concepção e a classificação dos exus varia conforme a tenda ou terreiro, mas existem alguns nomes bem populares e conhecidos nos meios da Umbanda/Quimbanda:
- Exu Caveira: ajuda nos conflitos, ensinando as artimanhas da guerra e o modo de vencer inimigos. É encarregado de vigiar os cemitérios e os lugares onde houver pessoas enterradas. Sua força é de modo a incutir medo aos que o invocam. Todo trabalho ou despacho a ser feito num cemitério precisa da participação do Exu Caveira. É lugar-tenente deOmolu e sem a sua participação, nenhum trabalho ou despacho feito no cemitério dará resultado. Para se entregar, seja o que for, a Omolu, no cruzeiro de um cemitério, é indispensável saudar primeiro Exu Caveira, acendendo uma vela em sua homenagem na sepultura mais próxima do Cruzeiro, à esquerda e pedindo-lhe licença para a entrega. Apresenta-se, em geral, com a forma de uma caveira. Na maioria das vezes, apresenta-se depois da "hora grande" (meia-noite).
- Exu Tata Caveira: provoca o sono da morte e manipula drogas e entorpecentes. Apresenta-se como uma caveira, vestido de preto.
- Exu Brasa: provoca de incêndios e domina o fogo. Concede o dom de andar sobre o fogo.
- Exu Pemba: propaga moléstias venéreas e favorece amores clandestinos. Apresenta-se como um mago.
- Exu Maré: facilita a invisibilidade das pessoas, dando-lhes poderes de se transportar de um lugar para outro. Sua apresentação é a de uma criatura normal. Provavelmente, uma corruptela de Oxumaré
- Exu Carangola: faz as pessoas ficarem perturbadas e darem gargalhadas histéricas, dançando sem ter vontade; comanda o ritmo cabalístico da dança.
- Exu Arranca-Toco: Habita as matas. É especializado no domínio de tesouros.
- Exu Pagão: Separa casais. Tem poder de incutir ódio e ciúme nos corações humanos.
- Exu da Meia-Noite: é um dos mais invocados, porquanto é o encarregado de escrever toda a sorte de caracteres e tratar, especialmente, das forças ocultas. Segundo uma crença popular, foi ele quem ensinou a São Cipriano todas as sortes e mágicas que fazia. À meia-noite, o Exu da Meia-Noite faz a ronda do mundo físico, sendo por isso que, na Umbanda, deixa-se passar, pelo menos, uns cinco minutos da meia-noite para se sair à rua ou para se deixar um Terreiro. Na Quimbanda é exatamente à meia-noite que se fazem os despachos destinados ao Exu da Meia-Noite.
- Exu Mirim: influente sobre as mulheres e crianças, é preferido pelas Mães-de-Santo para os trabalhos de amarração. Apresenta-se com roupagem de criança.
- Exu Pimenta: especializado na elaboração da química e dos filtros de amor. Dá o verdadeiro segredo do pó que transforma metais. É reconhecido quando incorpora por um forte cheiro de pimenta que exala.
- Exu Malé: tem o poder das artes mágicas e das bruxarias que se realizam nos Candomblés. Apresenta-se com a forma de um Preto Velho, mas é reconhecido pelo forte cheiro de enxofre que exala.
- Exu das Sete Montanhas: domina as águas dos rios e das cachoeiras que saem das montanhas. Sua roupagem é da cor do lodo e deixa no ar, quando incorporado, um forte cheiro de podre, emanado do seu corpo fluídico.
- Exu Ganga: domina os despachos que se fazem nos cemitérios, tanto nos casos em que o trabalho é feito para o mal quanto para salvar alguém da morte. Apresenta-se vestido de preto e cinza, deixando no ar forte cheiro de carne em decomposição.
- Exu Marabô: fiscal do plano físico, distribui ordens a seus comandados. Apresenta-se como um autêntico cavalheiro, dominando o francês, apreciando bebidas finas e os melhores charutos. De gênio muito difícil, raramente apresenta-se em terreiros
- Exu Mangueira: Semelhante ao Marabô, mas expele cheiro forte de enxofre quando está sendo incorporado. De gênio muito dificil, é necessário recorrer a entidades superiores para retirá-lo.
- Exu Caminaloá: trabalha ao lado do Exu Mangueira e é um dos seis mais poderosos. Apresenta-se comandando uma poderosa equipe de espíritos com a forma de Pretos, ornados de penas na cabeça e na cintura com argolas nos lábios, nas orelhas e nos braços. São esses espíritos, os especializados em provocar doenças mentais, até mesmo a loucura. O Exu Caminaloá é o Chefe da Linha de Mossurubi da Quimbanda.
- Exu Quirombô: atua como Exu Mirim, mas é especializado em prejudicar mocinhas, desviando-as para o "mau caminho". Apresenta-se, também, como criança.
- Exu Veludo - apresenta-se como um fino cavalheiro muito bem vestido, tomando bons conhaques e fumando bons charutos. Possui "pés de cabra" e gosta de trabalhar com "as moças".
- Exu Tiriri - despacha trabalhos nas encruzilhadas, matas e rios. Apresenta-se como um homem preto com deformação facial.
- Exu Tranca-Ruas das Almas - muito solicitado pelos terreiros antes de começar as sessões. Guarda as porteiras dos terreiros com sua falange, contra os quiumbas e também os recintos onde se pratica a Alta Magia.
- Exu Sete Encruzilhadas: Tem prazer em ensinar e doutrinar, por isto sempre está tirando dúvidas a todo aquele que lhe faça perguntas, desde as perguntas mais insólitas como "porque há estrelas..." até as mais comuns como "quero saber se meu marido me engana..." Prefere beber uísque de boa qualidade e fumar charutos grossos. Sua voz é rouca, grave e forte. Quando está manifestado em algum médium, gosta também de azeitonas. Seu olhar é insustentável e quando se fixa em alguém, parece que o atravessa e sabe seus segredos mais íntimos. As pessoas que o conhecem sentem certa autoridade nele e o respeitam. Apresenta-se como um homem de idade avançada, de pele escura, barba e olhos vermelhos, cor de brasa. Traz a metade do seu corpo (o lado esquerdo) queimado, sendo que sua perna esquerda não funciona bem, por isto é muito comum que se apóie em um bastão.
- Exu Zé Pelintra: É originário do Catimbó do Nordeste, onde usa chapéu de palha, lenço vermelho no pescoço, fuma cachimbo e gosta de andar descalço. Receita chás medicinais para a cura de qualquer mal, benzer e quebrar feitiços dos seus consulentes. Na Umbanda/Quimbanda, é representado de terno branco, gravata vermelha, cravo na lapela e chapéu caido na testa, de acordo com a figura tradicional do malandro carioca. Particularmente versátil e ambivalente, aparece tanto na Umbanda, como preto-velho, como na Quimbanda, como exu. Vem acompanhado de toda a linha de malandros, entidades supostamente oriundas de pessoas envolvidas com o submundo, jogo, prostitutas, bebidas fortes e drogas.
https://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Exus
Exus de Umbanda, de acordo com a crença religiosa, são espíritos de diversos níveis de luz que incorporam nos médiuns de Umbanda, Omolokô, Catimbó, Batuque, Santo Daime, Xambá e Candomblé de caboclo.
Normamente essas entidades adquirem a forma de uma mulher horrenda, de voz grossa, rouca e assustadora, que grita e ameaça as pessoas. Nessa forma o Exu tenta se desfarçar de humano, muitas vezes sem sucesso, apresentando características típicas como batom no dente e os cabelos desgrenhados.
O Exu é sempre acompanhado de duas entidades menores, errôneamente chamadas de "filhas de Exu", mas que são comensais do mesmo, adquirindo forma humana e igualmente meléficos e animalescos.
Nos candomblés de Ketu e Jeje não há incorporação de espíritos oficialmente, já nos candomblés de Angola podem-se encontrar casas que adotem a incorporação de Exus, Pomba-giras, Boiadeiros e Marinheiros.
Porém, o Exu, cultuado somente no Candomblé, não incorpora para dar consultas, diferentemente do Exu de Umbanda, considerado uma entidade.
Exu na Umbanda
Na Umbanda não se manifesta o próprio Orixá, por meio da incorporação, mas sim seus mensageiros ou falangeiros, espíritos que vêm em terra para orientar e ajudar. Quando incorporam, se caracterizam alguns com capas, cartolas, bengalas (masculinos), e saias rodadas, brincos, pulseiras, perfumes, rosas (femininos, também chamados de Pombo-giras). Mas não necessariamente os médiuns se utilizam destas vestimentas para a incorporação. Cada terreiro trabalha de uma forma diferente, alguns centros uniformizam a roupa dos médiuns, onde todos vestem branco. Os exus quando incorporados, se materializam num corpo magro e seco.
Natureza e incorporação de Exus
Encontramos aqueles que creem que os Exus são entidades (espíritos) que só fazem o bem, e outros que creem que os Exus podem também ser neutros ou maus. Observa-se que, muitas vezes, os médiuns dos terreiros de Umbanda - e mesmo de Candomblé - não têm uma idéia muito clara da natureza da(s) entidade(s), quase sempre, por falta de estudo da religião. Na verdade, essa Entidade não deve ser confundida com o (obsessores), apesar de transitar na mesma Linha das Almas, sendo o seu dia a segunda-feira, ficando sob o seu controle e comandando os espíritos atrasadíssimos na evolução e que são orientados pelos Exus para que consigam evoluir através de trabalhos espirituais feitos para o bem.
Exu Tata CaveiraSua função mítica é a de mensageiro, o que leva os pedidos e oferendas dos homens aos Orixás, já que o único contato direto entre essas diferentes categorias só acontece no momento da incorporação, quando o corpo do ser humano é coligado ao seu Exu por meio dos chacras. É ele quem traduz as linguagens humanas para os seres superiores. Por isso, é imprescindível a sua presença para a realização de qualquer trabalho, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estão sendo cultuados. Possuem a função também de proteger o terreiro e seus médiuns.
O poder de comunicar e ligar confere a ele também o oposto, a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se possibilita a construção, também permite a destruição. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, cemitérios, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas de entradas e saídas.
Exu Meia-NoiteHá algumas diferenças na maneira de ver Exu no Candomblé e na Umbanda. No primeiro, Exu é como os demais Orixás, uma personalização de fenômenos e energias naturais. O Candomblé considera que as divindades, ou seja os Orixás, incorporam nos médiuns (cavalos ou aparelhos). Na Umbanda, quem incorpora nos médiuns, além dos Caboclos, Pretos Velhos e Crianças, são os Falangeiros de Orixás, representantes deles, e não os próprios.
A Umbanda considera os Exus não como deuses, mas como entidades em evolução que buscam, através da caridade, a evolução. Em síntese, o grande agente mágico do equilíbrio universal. Também é o guardião dos trabalhos de magia, onde opera com forças do astral. E também são considerados como "policiais", "sentinelas", "seguranças" que agem pela Lei, no submundo do "crime" organizado e principalmente policiando o Médium no seu dia-a-dia. As "equipes" de Exus sempre estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela.
Obedecem a severa hierarquia nos comandos do astral, se classificando também como Exus cruzados, espadados e coroados.
Esses espíritos utilizam-se de energias mais "densas" (materiais). Nota-se que essas entidades podem realizar trabalhos benignos, como curas, orientação em todos os setores da vida pessoal dos consulentes e praticar a caridade em geral. A condição de Exu para um espírito é transitória, podendo este, uma vez redimidas suas dívidas perante a Lei Divina, seguir no mundo dos espíritos em escalas mais elevadas de evolução. Essas falanges, e outras, são a divisão ou escala à qual pertencem os espíritos, mais ou menos equivalentes à escala espírita definida por Kardec.
Os trabalhos malignos (os tão famosos "pactos com o diabo"), como matar por exemplo, não são acordos feitos com os Exus, mas com os Kiumbas que agem na surdina e não estão sob a orientação de nenhum Exu, fazendo-se passar por um deles, atuando em terreiros que não praticam os fundamentos básicos da Umbanda que são: existência de um Deus único, crença de entidades espirituais em evolução, crença em Orixás e Santos chefiando falanges que formam a hierarquia espiritual, crença em guias mensageiros, na existência da alma, na prática da mediunidade sob forma de desenvolvimento espiritual do médium, e o uso de ervas e frutos. Jamais maldades, e caridade acima de tudo.
Exu do LodoOs Exus são confundidos com os Kiumbas, que são espíritos trevosos ou obsessores, são espíritos que se encontram desajustados perante a Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. Exu é neutro, não é bom nem mau, pode fazer o bem ou o mal, desde que a ele isso seja pedido e lhe seja dada em troca uma oferenda estabelecida (são interesseiros). Quando faz o mal, a responsabilidade recai sobre ele, Exu, e sobre quem lhe solicitou o mal. Como a prática do mal sempre lhe atrasa a evolução, acaba se voltando contra a pessoa que lhe solicitou a empreitada maléfica. Os Kiumbas, assim como o Diabo dos Católicos, são espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vingança, calcada no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas. Esse baixo astral é uma enorme egrégora formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam essa faixa vibracional e os Kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem mais fortalecidos.
O verdadeiro Exu não faz mal a ninguém
.Alguns Exus foram pessoas como políticos, médicos, advogados, trabalhadores, pessoas comuns, padres etc., que cometeram alguma falha e escolheram - ou foram escolhidos para - vir nessa forma a fim de redimir seus erros passados. Outros são espíritos evoluídos que escolheram ajudar e continuar sua evolução atendendo e orientando as pessoas, e combatendo o mal. Em seus trabalhos de magia, Exu corta demandas, desfaz trabalhos malignos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos obscuros, sem luz (Kiumbas). Ajudam a limpar, retirando os espíritos obsessores e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
A Doutrina Espírita os trata como espíritos imperfeitos, almas dos homens que, por terem cometido crimes perante a Lei Divina, são submetidos a difíceis provas, cujo único objetivo é o de que possam compreender a extensão do mal que praticaram em outras vidas.
Uma verdadeira casa de caridade é sempre reconhecida pela gratuidade dos serviços prestados a quem procura ajuda em um Centro Espírita ou Centro de Umbanda.
Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exu, procuram realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exu, atraindo os obsessores, cegos ainda, e procurando trazê-los para suas falanges que trabalham visando à própria evolução.
O chamado “Exu Pagão” é tido como o marginal da espiritualidade, aquele sem luz, sem conhecimento da evolução, trabalhando na magia para o mal, embora possa ser despertado para evoluir de condição.
Já o Exu Batizado
é uma alma humana já sensibilizada pelo bem, evoluindo e, trabalhando para o bem, dentro do reino da Quimbanda, por ser força que ainda se ajusta ao meio, nele podendo intervir, como um policial que penetra nos reinos da marginalidade.
Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exu com espíritos zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que recebem a denominação de Kiumbas e que, às vezes, tentam mistificar, iludindo os presentes, usando nomes de "Guias".
Para evitar essa confusão, não damos aos chamados “Exus Pagãos” a denominação de “Exu”, classificando-os apenas como Kiumbas. E reservamos para os ditos “Exus Batizados” a denominação de “Exu”.
Existem 7 hierarquias de 7 exus, denominados como Exu Coroados; São eles: Exu Sete Encruzilhada, Exu Veludo, Exu Tranca Rua, Exu Caveira, Exu Tiriri, Exu Marabô e Pomba Gira ou Pombo gira (Exu Feminino).
São Exus evoluídos e chamados de Exus Coroados, porque eles podem trabalhar nas linhas de espíritos evoluídos, como na linha de Caboclos.