“Antigamente, os orixás eram homens.
Homens que se tornaram orixás

por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram orixás

por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados

por causa de sua força,
Eles eram venerados

por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória

e os altos feitos que realizaram.
Foi assim que estes homens

tornaram-se orixás.
Os homens eram numerosos sobre a Terra.
Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes

nem sábios.
A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram orixás.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de

um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas

de geração em geração para
render-lhes homenagem".

Lendas Africanas dos Orixás,
Pierre Verger.

 

 

Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondô, Òssun em Ijexá e Ijebu, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilexá, Otin em Inixá, Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifan e Òságiyan em Ejigbô.

REFERÊNCIA: Caso Podemos afirmar que a cultura do candomblé no Brasil, nasceu nas senzalas, com a junção de povos(africanos) com seus costumes e orixás. Provenientes de milhões de negros de diversos países e cidades africanas, trazidos (arrancados) de seus lares, de suas famílias e de seus pais e filhos; para trabalharem nas plantações de cana e café das cidades baianas, cariocas, pernambucanas, cearenses e paulistanas. E, posteriormente, nos exércitos e fazendas de fronteiras do rio grande do sul.

Graças aos conquistadores portugueses, franceses, ingleses e de padres e bispos da época; (que legaram aos brancos poder de matar os negros e índios, afirmando que os negros eram sub-humanos, e portanto, não haveria pecado.) Milhões de negros foram massacrados nas colônias e em navios negreiros.

Porém, ironicamente podemos afirmar que: se não fosse essa catástrofe ou atrocidade animalesca; provocadas por animais considerados humanos, contra humanos considerados animais; hoje o Brasil não teria o prazer de conhecer esta maravilhosa cultura, sem mencionar nos orixás e seus axés.

Ao contrário que muitos acreditam, na áfrica não existia somente tribos de índios semi-culturados. Lá existia e ainda existem, reinos com suas hierarquias (reis, rainhas, sacerdotes, príncipes, generais, exércitos, etc.); assim como, havia uma cultura avançada relacionada a religião e comércio em todo continente, inclusive possuindo muitas heranças culturais egípcias, gregas e persas.

No continente africano, muitos reinos com suas ricas e milenares cidades, foram extintos graças às influências e dominações cristãs e mulçumanas. Aniquilando o resto da cultura existente nos países enfraquecidos pela escravidão, tornando-os órfãos de orixás.

É fácil de se verificar que em muitas regiões africanas o povo carece de energia (axé).


Assim:
Sem oxum (água); sem ogum (trabalho/ferramentas); sem xangô (justiça); sem Oxalá (paz); sem iemanjá (estudo/psicologia); sem nanã (origem,família); sem odé/Oxossi (comida/caça); sem ossain (remédio); etc.

É bom saber, que ainda existe cultura na áfrica, mesmo que seja em poucas regiões.Lá ainda existem reinos, príncipes, rios e orixás... Onde possamos levar e trazer fundamentos, realizando a tão sonhada e difundida união entre continentes; pregada, catalogada e amplamente difundida por autores como: Pierre verger e tantos outros.

Quanto a escravidão...
Em várias senzalas brasileiras, foram aglomerados negros de diversas raízes, que uniram-se culturalmente; trocando, dividindo fundamentos de cultuação e prática religiosa.
Também por esses motivos, os negros escravos eram muito temidos. Eles arquitetavam facilmente, planos de fuga, de defesa e até mesmo de guerrilhas.
"Assim nascera: a capoeira, o zumbi dos palmares, o candomblé, etc."

Como ocorreu...

Sabendo-se que: era costume em muitas cortes e tribos africanas, escravizarem os presos de guerra (principalmente os guerreiros), ao mesmo tempo em que não havia exércitos europeus capazes de vencer uma guerra ou confronto direto com povos africanos (os mesmos possuíam também táticas avançadas de guerra). Os portugueses uniam-se a reis africanos, oferecendo armas e títulos da nobreza européia em troca dos prisioneiros de guerra. Desencadeando um grande conflito intercontinental, apenas levantando calúnias e difamações entre os povos vizinhos.

Após anos de guerras e conflitos, muitos reinos enfraqueceram seus sistemas de defesa, e muitos soldados já estavam trabalhando nas colônias como escravos. Os portugueses deram o golpe final invadindo e conquistando os reinos dos próprios aliados enfraquecidos. Arrastando para as senzalas também as mulheres, crianças e nobres das cortes.
Assim prosseguiu a barbárie tarefa européia de comércio humano. Até o final da segunda guerra mundial. Onde ainda existia nas colônias africanas do império britânico, trabalho escravo e apartheid, em pleno século "XX".

Na própria terra dos orixás a pobreza e as doenças, assistidas e divulgadas em meios de comunicação, como ex: em angola (ex-colônia portuguesa); tiveram como principal foco inicialisador, a extinção da cultura dos povos por seus opressores. Onde muitos habitantes, não reconhecem mais seus antepassados. Perdendo o elo com seus orixás.
Porém, assim como ocorreu na escravidão no Brasil, sabemos que na África, existem bravos sobreviventes, que lutam para que seus paises resgatem sua cultura e prestígio.

E torçamos para que a cultura dos orixás permaneçam vivas e fortes em muitos corações e povos, sobrevivendo inclusive de ataques das religiões que se dizem únicos donos da "palavra de deus"; Induzindo inclusive a separação de negros e brancos como nos EUA, por exemplo: onde o negro abdicou totalmente de sua cultura ancestral, absorvendo a religião e os costumes(cultura) dos brancos, onde pregam em suas liturgias a paz e o amor, assim como a igualdade entre os homens. Mas mesmo assim, foram humilhados e separados dos demais brancos. Onde reza um negro, não reza um branco, e cada qual possui sua igreja de mesmo deus, (para brancos e negros), perdendo assim sua identidade, seu orgulho, sua cultura.

E aqui no Brasil, quando não mais houver crianças chorando com fome, e pessoas somente criticando os atos das pessoas de boa vontade ao invés de contribuir ou ajudar. Certamente este país mais fértil, mais cultural e com o povo mais nobre e humano do mundo. Terá certamente lugar de destaque, respeito e reconhecimento em todo o planeta.

Hoje conhecemos a religião africana no continente americano como:
-candomblé, batuque, xangô, santeria, vodoo e outras)
Em cada grupo, juntaram-se culturas, associadas ao maior ou menor número de pessoas originárias da mesma raiz (nagô, ketu, angola, oyo, jêje, ijexá, etc) (ver mapa).

Em muitos reinos/cidades, cultuava-se diferentes orixás em cada raiz(família). Como em muitos locais, eles conheciam orixás por diferentes nomes. Ex: obaluaie e omulu em ketu(nagô); xapanan e sapakta em jêje. (que são os mesmos orixás). E que em muitas nações foram associados a outros orixás, tornando-se qualidades.
Seus fundadores ou reis eram cultuados especificamente em suas próprias cidades conquistadas ou fundadas. Ex: xangô em oyó, logun-edé em efon, oxossi em ketu, etc. Sendo até hoje reverenciados, servindo de pilar na identificação da origem de cada casa de candomblé existente no brasil.

Também em várias regiões da áfrica, existem ainda sacerdotes e obás (reis) supremos de determinados orixás, sendo os mesmos detentores únicos de todos os segredos e fundamentos a um ou dois orixás específicos.
Em muitas nações, os mesmos orixás, ou possuem cultos únicos e diretos, ou tornaram-se qualidades de orixás primários. Ex: no oyó (batuque) otin é um orixá feminino que se cultua junto a odé. Em outras nações de candomblé, a mesma é uma qualidade de oxossi/odé. Assim como ibeji, etc.
Infelizmente, muitos outros orixás não são mais cultuados, pois perderam-se os fundamentos dos mesmos, porém ainda existem na natureza, e seus axés (energias) ainda reinam no universo.

Nota: devido às diferenças litúrgicas e culturais existentes entre nações africanas de raízes, jêje, angola, ketu etc. Sempre ocorreu uma certa desunião entre as mesmas.
Umas das principais missões nesta obra é a de promover a união da religião africana no Brasil.
Não nos referimos a uma união litúrgica (modo de cultuação e prática), pois sabemos que é devido aos costumes de nossos antepassados, que desde a Antigüidade, cultuavam orixás diferentes em cada nação religiosa. Mas sim, numa união cultural.
Portanto, não devemos nos atenuar em diferentes nomes de qualidades designadas a orixás, exús e até mesmo certas diferenças ligadas a maneiras de tocar um candomblé/batuque/xangô, etc.
Devemos sim buscar maneiras de interagir nossos conhecimentos e cultura em prol de uma união mais sólida, respeitável e influente.

REFERÊNCIA: Casa dos Orixás 02

ORIGEM...

São muito contraditórias as publicações referentes a verdadeira origem da religião dos orixás na áfrica.
Alguns historiadores, associam Oduduá o "conquistador". Com Nimrod; também citam a semelhança de nosso método de consulta a Ifá (oráculo), com a Kaballah judaica; Dan a serpente telúrica representando a eternidade, com a Dan serpente referente a umas das doze tribos de Israel e outras. Ou seja, muitos historiadores afirmam que os yorubás possuem descendência judaica.
Outros defendem somente a tese que: os orixás são antepassados divinizados de antigos reis africanos, assim como generais e sacerdotes; que tiveram suas façanhas eternizadas nas histórias dos antigos. Lendas repassadas de geração em geração aos descendentes dos reinos e tribos africanas.
Em suas pesquisas, constataram a presença de influencias egípcias e fenícias na cultura yorubana.
Verger mostrou em suas obras, que nossa origem é remota a muitas outras conhecidas, como gregas e romanas. Pois temos orixás em nosso culto que são anteriores a conquista e conhecimento do metal, como nanã.


Verger também tratou de mostrar a semelhança existente entre nossos deuses e deuses gregos, como por exemplo:
Zeus: deus grego do trovão e dos raios tem como símbolo um machado duplo.
Xangô: deus yorubá dos raios e trovões tem como símbolo um oxé (machado de duas lâminas).
Certamente em meio a tanto estudos, podemos afirmar que em um vasto continente como o africano, é certo que todas as teses são corretas.
E que aos poucos, todas estas origens regionais, fundiram-se formando uma cultura sólida e única, que conhecemos hoje como a cultura dos orixás; verificadas em todos os povos (yorubanos, angolanos, jêjes, etc.), com seu xangô, oduduá, obatalá e demais reis, guerreiros e sacerdotes. Eternizados e unidos com as energias da natureza (florestas, animais, rios, oceanos, etc.) Onde em nossos ylés são louvados e suas histórias narradas a nossos iniciados, a fim de servir de exemplo de conduta e fé, associada à natureza e bem estar da sociedade.

Tal como em livros milenares, editados como, por exemplo: a arte da guerra do general chinês "sun tzu" vendido no mundo todo. Narrando suas condutas e táticas de batalhas, transformadas em auto-ajuda, associada a negócios e condutas para os dias atuais.
Nós também ensinamos a nossos seguidores, as histórias de nossos reis (Xangô) de nossos generais milenares (Ogun), etc. Com suas táticas, seus erros, suas virtudes e glórias; afim que possam ter como princípio de vida, o equilíbrio associado a normas e condutas culturais de nossos antepassados.
E com simbologias e danças em louvor a nossos antigos mestres saudamos nossos orixás e antepassados, que em energia nos lega seu axé.

Sincretismo...

Nos referimos a sincretismo, quando são associadas duas religiões em um único culto, com suas simbologias e doutrinas mescladas.
No caso do candomblé/batuque, foram associados imagens de santos católicos a nossos orixás. O que existe uma explicação inconteste e única para tal associação.
O sincretismo religioso nasceu também nas senzalas. Hoje há uma grande diferença de sincretismo de orixás nas nações de candomblé.
Na bahia, ogum é sincretizado por são sebastião, no rio grande do sul por são jorge, e assim por diante.

Na época quando ouve a troca de cultura entre os habitantes das senzalas, os negros continuaram a cultuar seus orixás, mesmo após os brancos com sua santa inquisição católica, obrigarem os negros a converterem-se ao cristianismo e trocarem seus nomes originais, por nomes portugueses.
Quando os negros dançavam para seus orixás, eles colocavam sobre o "assentamento", estátuas de santos católicos para enganar os inquisidores.
Como eles cantavam aos seus orixás em seu dialeto primitivo, os padres e fazendeiros, tinham a ilusão que os escravos louvavam os santos católicos na linguagem yorubá. Mas na verdade, estavam usando as imagens destes santos para esconder em seu interior, suas obrigações e verdadeiras simbologias dos orixás.
Certamente, os negros assimilaram muito bem os ensinamentos dos senhores brancos, utilizavam as imagens católicas comparando-as aos orixás por aparência ou feitos. Como exemplo: oxalá com jesus, oxum e yemanjá com as aparições da virgem maria, oyá/yansan com santa bárbara e assim por diante.

Mas cabe lembrar: os negros só usavam as imagens católicas no propósito de esconder suas obrigações, em hipótese alguma, os negros cultuavam os santos católicos como orixás.


Referência: Candomblé Ilê Axé Opô Afonja

Algumas considerações...

A palavra candomblé é sinônimo de religião africana. Sempre foi e é usada ainda neste sentido. Isto explica muitas coisas. Vejamos. O negro foi arrancado de sua terra e vendido como uma mercadoria, escravizado. Aqui ele chegou escravo, objeto; de sua terra ele partiu livre, homem. Na viagem, no tráfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua cultura, sua história, suas paisagens, suas vivências vieram com ele. Estas sementes, estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a África, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a fé, a crença - o que se sabia - exigia ser expresso. Surgiram os cultos (onilé - confundidos mais tarde com o culto do Caboclo, uma das primeiras versões do sincretismo), surgiu a raiva e a necessidade de ser livre. Apareceram os feitiços (ebós), os quilombos.

Os trezentos anos da história da escravidão do negro no Brasil atestam acima de tudo, a resistência, a organização dos negros. A cultura africana sobreviveu para o negro através de sua crença, de sua religião. O que se acredita se deseja, é mais forte do que o que se vive, sempre que há uma situação limite. A religião, sua organização em terreiros (roças), foi como muito já se escreveu, a resistência negra. Resistiu-se por haver organização. A organização consigo mesmo. Cada negro tinha, ou sabia que seu avô teve, um farol, um guia, um orixá protetor.

No meio dos objetos traficados (os escravos) havia jóias raras: Babalorixás e Iyalorixás. Estes sacerdotes, inteiros nas suas crenças, criaram a África no Brasil. Esta mágica, esta organização reestruturante só é possível de ser entendida se pensarmos no que é a iniciação, todo processo que implica e estabelece. A cana de açúcar do Senhor de Engenho era plantada por Iaôs recém saídos das camarinhas, dos roncós.

A força se espalhou, o axé cresceu e apareceu na sociedade sob a forma dos terreiros de candomblé (religião de negros yorubá como é definido no Dicionário de Aurélio Buarque). Era coisa de negros, portanto escusa, ignorante, desprezível e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado, branco e preto. Antagonismos opressores, sem possibilidades alternativas. O negro resolveu tentar agir como se fora branco, para ser aceito.

Ele dizia:
- meu Senhor, a gente tá tocando para Senhor do Bomfim, seu Santo, nhô! Não é para Oxalá, quer dizer, Oxalá é o Pai Nosso, é o mesmo que Senhor do Bomfim. Sincretismo. Forma de resistência que criou grande onus, severas cicatrizes desfiguradoras. O processo social, a dinâmica é implacável. A imobilidade não se mantém. O filho do africano já dizia que não confiava em negro brasileiro (o sìgìdì, por exemplo, um encantamento de invisibilidade e criação de elemental, não foi ensinado). Muito se perdeu, a terra africana reduziu-se a pequenos torrões, o candomblé era eficaz; o Senhor procurava a negra velha para fazer um feitiço, para que lhe desse um banho de folha, lhe desse um patuá. Proliferação de terreiros. Massificação, turismo, folclore.

Mas os grandes iniciados, iguais àqueles criadores da terra africana no Brasil, ainda existem. Odé Kayode - Mãe Stella de Oxossi, em 1983, dizia: "Iansã não é Santa Bárbara", e explicava. Mostrou que candomblé não era uma seita, era uma religião independente do catolicismo. A terra tremeu; algumas pessoas falavam: "- sempre fomos à missa, sempre a última benção, depois da iniciação, era na Igreja, fazemos missa de corpo presente quando alguém morre, não pode mudar isso". Era a tradição alienada versus a revolução coerente, era a quebra do último grilhão. A represa foi quebrada e as águas fertilizaram os campos quase estéreis da sobrevivência. O negro é livre. Veio da África, tem uma história, tem uma religião igual à qualquer outra e ainda, não é politeista, é monoteista: acima de todos os Orixás está Olorum. Nina Rodrigues conta que uma vez perguntou a um Babalorixá porque ele não recebia Olorum, já que este existia. Ouvindo a seguinte resposta: "- Meu Doutor, se eu recebesse, eu explodia".

Agora um novo limite, uma nova configuração se instala. Neste fim de século com a corrosão das instituições religiosas tradicionais, com o surgimento de novas religiões, com as doutrinas esotéricas alternativas, o candomblé, agora considerado religião, é visto também como uma agência eficiente: resolve problemas, cura doenças, acalma as cabeças. Os brancos querem ser negros, já não se ouve "o negro de alma branca", agora o privilégio é ser um branco de alma negra, ter ancestralidade, "ter enredo, história com o Santo". Mais do que nunca as Iyalorixás e Babalorixás se questionam. As armadilhas, os "caça-fugitivos" estão instalados. São os congressos, a TV - é a mídia - os livros, a 'web', em certo sentido. Tudo isto é transformado, por nós, em pinças para separar o joio do trigo, porisso estamos aqui. Dizendo o que somos, damos condição para que se perceba o que está posto e se entenda o suposto, o oposto e o aposto. Diferenciação é conhecimento, candomblé é religião, não é seita.

As Iyalorixás organizam as cabeças. O processo de organização do ori é awo (segredo). O candomblé é uma religião que trabalha com o segredo, o lado mudo do ser, o que a Olorum pertence. O candomblé organiza o fragmentado, abrindo canais de expressão para o ser humano.

- Oni Kòwé -
Salvador, outubro de 1996.

Referência: ACAIBA

Hoje, quando se fala em "candomblé", o que se tem em mente é um tipo específico de religião formada na Bahia, denominado candomblé "queto" ou "Ketu", que atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o País. Mas o termo candomblé designa muitas variedades religiosas, como veremos adiante.

"O CANDOMBLÉ: SUAS NAÇÕES E VARIANTES"
• NAÇÃO KETÚ
• NAÇÃO ANGOLA
• NAÇÃO JEJÊ
• HISTÓRICO

O candomblé e demais religiões afro-brasileiras tradicionais formaram-se em diferentes áreas do Brasil com diferentes ritos e nomes locais derivados de tradições africanas diversas: candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul e macumba no Rio de Janeiro.
A organização das religiões negras no Brasil deu-se bastante recentemente, no curso do século XIX. Uma vez que as últimas levas de africanos trazidos para o Novo Mundo durante o período final da escravidão (últimas décadas do século XIX) foram fixadas sobretudo nas cidades e em ocupações urbanas, os africanos desse período puderam viver no Brasil em maior contato uns com os outros, físico e socialmente, com maior mobilidade e, de certo modo, liberdade de movimentos, num processo de interação que não conheceram antes. Este fato propiciou condições sociais favoráveis para a sobrevivência de algumas religiões africanas, com a formação de grupos de culto organizados.

Até o final do século passado, tais religiões estavam consolidadas, mas continuavam a ser religiões étnicas dos grupos negros descendentes dos escravos. No início deste século, no Rio de janeiro, o contato do candomblé com o espiritismo kardecista trazido da França no final do século propiciou o surgimento de uma outra religião afro-brasileira: a umbanda, que tem sido reiteradamente identificada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, nascida no Brasil, ela resulta do encontro de tradições africanas, espíritas e católicas.
Desde o início as religiões afro-brasileiras formaram-se em sincretismo com o catolicismo, e em grau menor com religiões indígenas. O culto católico aos santos, numa dimensão popular politeísta, ajustou-se como uma luva ao culto dos panteões africanos. A partir de 1930, a umbanda espraiou-se por todas a regiões do País, sem limites de classe, raça, cor, de modo que todo o País passou a conhecer, pelo menos de nome, divindades como Iemanjá, Ogum, Oxalá etc.

O candomblé, que até 20 ou 30 anos atrás era religião confinada sobretudo na Bahia e Pernambuco e outros locais em que se formara, caracterizando-se ainda uma religião exclusiva dos grupos negros descendentes de escravos, começou a mudar nos anos 60 e a partir de então a se espalhar por todos os lugares, como acontecera antes com a umbanda, oferecendo-se então como religião também voltada para segmentos da população de origem não-africana. Assim o candomblé deixou de ser uma religião exclusiva do segmento negro, passando a ser uma religião para todos. Neste período a umbanda já começara a se propagar também para fora do Brasil.

Durante os anos 1960, com a larga migração do Nordeste em busca das grandes cidades industrializadas no Sudeste, o candomblé começou a penetrar o bem estabelecido território da umbanda, e velhos umbandistas começaram e se iniciar no candomblé, muitos deles abandonando os ritos da umbanda para se estabelecer como pais e mães-de-santo das modalidades mais tradicionais de culto aos orixás. Neste movimento, a umbanda é remetida de novo ao candomblé, sua velha e "verdadeira" raiz original, considerada pelos novos seguidores como sendo mais misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua moderna e embranquecida descendente, a umbanda.

Nesse período da história brasileira, as velhas tradições até então preservadas na Bahia e outros pontos do País encontraram excelentes condições econômicas para se reproduzirem e se multiplicarem mais ao sul; o alto custo dos ritos deixou de ser um constrangimento que as pudesse conter. E mais, nesse período, importantes movimentos de classe média buscavam por aquilo que poderia ser tomado como as raízes originais da cultura brasileira. Intelectuais, poetas, estudantes, escritores e artistas participaram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à porta das velhas casas de candomblé da Bahia. Ir a Salvador para se ter o destino lido nos búzios pelas mães-de-santo tornou-se um must para muitos, uma necessidade que preenchia o vazio aberto por um estilo de vida moderno e secularizado tão enfaticamente constituído com as mudanças sociais que demarcavam o jeito de viver nas cidades industrializadas do Sudeste, estilo de vida já, quem sabe?, eivado de tantas desilusões.

O candomblé encontrou condições sociais, econômicas e culturais muito favoráveis para o seu renascimento num novo território, em que a presença de instituições de origem negra até então pouco contavam. Nos novos terreiros de orixás que foram se criando então, entretanto, podiam ser encontrados pobres de todas as origens étnicas e raciais. Eles se interessaram pelo candomblé. E os terreiros cresceram às centenas.

O termo candomblé designe vários ritos com diferentes ênfases culturais, aos quais os seguidores dão o nome de "nações" (Lima, 1984). Basicamente, as culturas africanas que foram as principais fontes culturais para as atuais "nações" de candomblé vieram da área cultural banto (onde hoje estão os países da Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique) e da região sudanesa do Golfo da Guiné, que contribuiu com os iorubás e os ewê-fons, circunscritos principalmente aos atuais território da Nigéria e Benin. Mas estas origens na verdade se interpenetram tanto no Brasil como na origem africana. Inicio

Na chamada "nação" queto, na Bahia, predominam os orixás e ritos de iniciação de origem iorubá. Quando se fala em candomblé, geralmente a referência é o candomblé queto e seus antigos terreiros são os mais conhecidos: a Casa Branca do Engenho Velho e duas casas derivadas da Casa Branca, o Axé Opô Afonjá e o Gantois; além do candomblé do Alaketo. O candomblé queto tem tido grande influência sobre outras "nações", que têm incorporado muitas de suas prática rituais. Sua língua ritual deriva do iorubá, mas o significado das palavras e a sintaxe em grande parte se perderam através do tempo. Além do queto, as seguintes "nações" também são do tronco iorubá (ou nagô, como os povos iorubanos são também denominados): efã e ijexá na Bahia, nagô ou eba em Pernambuco, oió-ijexá ou batuque de nação no Rio Grande do Sul, mina-nagô no Maranhão, e a quase extinta "nação" xambá de Alagoas e Pernambuco.

Mais recentemente, quando o candomblé (de origem baiana, nação queto) já se encontrava espalhado por todos os grandes centros urbanos, tendo já, inclusive, iniciado sua propagação por países do Cone Sul e também da Europa, iniciou-se um movimento de recuperação de raízes africanas conhecido como "africanização", que rejeita o sincretismo católico, procura reaprender o iorubá como língua original e tenta reintroduzir ritos que se perderam ao longo do tempo e redescobrir os mitos esquecidos dos orixás.

Fonte, Internet

A "nação" angola, de origem banto, adotou o panteão dos orixás iorubás (embora os chame pelos nomes de seus esquecidos inquices, divindades bantos, assim como incorporou muitas das práticas iniciáticas da nação queto. Sua linguagem ritual, também intraduzível, originou-se predominantemente das línguas quimbundo e quicongo. Nesta "nação", tem fundamental importância o culto dos caboclos, que são espíritos de índios, considerados pelos antigos africanos como sendo os verdadeiros ancestrais brasileiros, portanto os que são dignos de culto no novo território a que foram confinados pela escravidão. O candomblé de caboclo é uma modalidade da nação angola, centrado no culto exclusivo dos antepassados indígenas. Foram provavelmente o candomblé angola e o de caboclo que deram origem à umbanda. Há outras nações menores de origem banto, como a congo e a cambinda, hoje quase inteiramente absorvidas pela nação angola.

Fonte, Internet

A nação jeje-mahin, do estado da Bahia, e a jeje-mina, do Maranhão, derivaram suas tradições e língua ritual do ewê-fon, ou jejes, como já eram chamados pelos nagôs, e suas divindades centrais são os voduns.As tradições rituais jejes As tradições rituais jejes foram muito importantes na formação dos candomblés com predominância iorubá.

A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma perjurativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje.

REFERÊNCIA: Rubem César Fernandes

Candomblé
por Rubem César Fernandes

Há sacerdotes africanos que vêm ao Brasil aprender sobre a sua própria religião. Este é um fenômeno extraordinário de sobrevivência cultural e de desenvolvimento de tradições massacradas pelo tráfico de escravos. Iorubas, daomeanos, os fanti-ashanti, os bantos, contribuíram de diversas maneiras para a religiosidade afro-brasileira, introduzindo variantes rituais. A corrente Jejê-Nagô, no entanto, constituiu-se como a principal referência estruturante a partir do século XIX. Fenômeno semelhante ocorreu no Caribe, com o Voudou no Haiti ou a Santeria em Cuba. Religiosos destas três regiões - litoral do Brasil, Caribe, África Oriental - constituem um circuito de práticas sagradas comuns que ainda hão de desenvolver as suas relações.

A vitalidade das tradições afro no Brasil evidencia-se por um modo particular de expansão. Não se restringiu à afirmação dos limites de uma identidade étnica. A simbologia negra e a memória africana são fortemente reiteradas, com certeza, e oferecem uma fonte perene de elementos animadores dos movimentos negros. O negro não é, para os fiéis, no entanto, a cor identificadora da essência de sua religião. Oxum é do amarelo ouro, Oxossi do verde das matas, Yemanjá do azul-marinho, Xangô do vermelho e branco, e assim por diante, pelas cores do arco-íris. A ênfase ritual não é posta na história da destribalização, do tráfico, da tremenda travessia oceânica ou da violência desagregadora nos trabalhos escravos.

Os ritos e mitos do Candomblé pouco falam de história. Valorizada, sim, é a presença dos orixás nos espaços sagrados, assim como sua influência nas cabeças e no comportamento das pessoas. O Candomblé dramatiza relações de uma dimensão cósmica, que se passam no tempo mítico, compreensivo da vida como a conhecemos. Esta abertura mítica, combinada à dinâmica sincrética do catolicismo no Brasil, levou a que as verdades do Candomblé fossem percebidas como tais e eventualmente apreciadas por um vasto contingente de brasileiros, fossem eles negros, mulatos ou brancos. O Candomblé sempre foi condenado pela Igreja, mas o ministério clerical nunca teve grande penetração entre a massa dos fiéis. Foi perseguido pelo Estado e com violência ainda no período getulista, mas os policiais que invadiam os terreiros eram, eles próprios, com freqüência, temerosos freqüentadores dos mesmos. A perseguição diminuiu a partir dos anos 50, dando mais liberdade para a multiplicação das casas de culto e para a sua frequentação. Movimentos culturais passaram a enobrecê-lo na literatura, na música, no cinema ou na TV, emprestando-lhe um brilho que é atraente até mesmo para as elites.

Sua influência sobre a Umbanda, movimento novo e expansionista, levou os orixás a serem cultuados em círculos mais amplos, inclusive de classe média. Um levantamento dos anos 80 registrou cerca de 16 mil centros de Umbanda no Rio Grande do Sul, por exemplo, a maioria deles liderada por descendentes dos alemães, italianos, poloneses e de outros imigrantes europeus. Há devotos dos orixás entre japoneses e judeus no Brasil. Casas de Candomblé e Centros de Umbanda proliferam na Argentina por influência brasileira.

A sofisticação estética dos ritos do Candomblé contribui, sem dúvida, para a atração que exerce nas pessoas em geral e, particularmente, nos meios artísticos. As cerimônias abertas de cada casa de culto têm a característica de uma "festa". As divindades que nelas se manifestam não vêm para pregar ou distribuir conselhos. Vêm expressar a sua energia vital, dançando. Fazem isto de modo solene, seguindo uma estrita lógica ritual, comandada pelo som dos atabaques e dos cantos. Vestem-se com pompa e produzem um gestual codificado, identificador de cada orixá. As festas terminam, invariavelmente, com um jantar aberto ao público, feito de comidas sagradas, relativas ao evento da noite.

As Casas de Candomblé desenvolvem uma intensa e constante atividade de manutenção das relações entre o sagrado e o profano. O espaço é cuidadosamente subdividido, com o barracão para as festas públicas, a camarinha, para os iniciados, o peji, de acesso restrito e onde ficam os objetos sagrados, as casas de cada orixá, de frequentação especificada, as plantas sagradas, a sala de recepção para os fiéis etc., compondo uma arquitetura tão complexa quanto a hierarquia do culto.

As obrigações para cada orixá, as iniciações, o atendimento individualizado do público, as adivinhações, a leitura dos búzios, uma variedade de ritos particulares, a difícil harmonização dos distintos poderes que constituem uma Casa de Candomblé, o relacionamento com a sociedade exterior, tudo isto deve ser cuidado no detalhe, segundo uma estética ritual meticulosa. A autoridade de uma Ialorixá (mãe de santo) ou de um Babalorixá (pai de santo) está vinculada, justamente, ao seu domínio sobre todas estas matérias. O conhecimento sobre como fazer, as justificativas para cada gesto nas tradições, compõem o vasto acervo simbólico personalizado na figura da mãe ou do pai de santo.

 

 

 

O CANDOMBLÉ

O candomblé é uma religião que teve origem na cidade de Ifé, na África,  e foi trazida para o Brasil pelos negros iorubás. Seus deuses são os Orixás, dos quais somente 16 são cultuados no nosso país. Essú, Ògún, Osossi, Osanyin, Obalúayé, Òsùmàré, Nàná Buruku, Sàngó, Oya, Obá, Ewa, Osun, Yemanjá, LogunEde, Oságuian e Osàlufan.
O Pai ou a Mãe de Santo é a autoridade máxima dentro do candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios Orixás para que os cultuem na terra. Os Orixás os induzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumem o cargo para o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto.
São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.
Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja, um lugar onde estão plantados todos os axés e no qual os Orixás são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim denominado por causa dos negros que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes assentamentos (oferendas) para os deuses.

Hierarquicamente, existe, ainda, na roça um pai pequeno ou mãe pequena, que é o braço direito do Pai de Santo e é normalmente um filho ou filha da casa. Depois vem as Ekedes, são mulheres também escolhidas pelos Orixás para cuidar deles e ajudá-los. Embora sejam consideradas autoridades dentro da roça, não podem ser Mães de Santo, visto que sua função já foi determinada e não há como mudar.

A seguir vem os Ogans, que tocam os atabaques e ajudam o Pai de Santo nos fundamentos da casa; a Ya Bace, que toma conta da cozinha, isto é, de todas as comidas dos Santos; a Ya Efun, dona do efun (pemba), e que está encarregada de pintar os Yaôs (iniciantes que estão recolhidos para fazer o Orixá); e finalmente os filhos de Santos, que são as pessoas que "rasparam o Santo", ou melhor, rasoaram a cabeça para um Santo a pedido deste.
Às vezes o Santo, ou Orixá, incorpora em determinadas pessoas, mas não há necessidade que haja esta "incorporação” para que uma pessoa raspe o Santo. Se a pessoa deve ou não raspar o Santo só pode se sabido com certeza através do jogo de búzios do Pai ou Mãe de Santo que, diga-se de passagem, são os únicos que podem jogar búzios.
O candomblé é uma religião com uma vasta cultura e rica em preceitos. São pouquíssimas as pessoas que realmente a conhecem a fundo. É necessária muita dedicação e anos de estudo para se chegar a um conhecimento profundo da seita. Seus preceitos são todos fundamentos e qualquer um pode se dedicar ao seu estudo e desfrutar seus benefícios. Existe muita energia positiva no candomblé, e o seu culto pode trazer paz e felicidade.

Origem do Candomblé: Ifé

A antiga cidade de Ifé, ao sudoeste da atual Nigéria, deslumbrava desde o começo do século como a capital religiosa e artística do território que cobria uma parte central da antiga República do Daomé. É a fonte mística do poder e da legitimidade, o berço da consagração espiritual, e para onde voltaram os restos mortais e as insígnias de todos os reis iorubás. A civilização de Ifé, ainda hoje, é pouco conhecida e apresenta uma criação artística variada do realismo, enquanto que a maioria da arte africana é abstrata. O material empregado na arte de Ifé espanta e abisma qualquer historiador, incluindo os próprios africanistas. Ao lado das esculturas em pedra e terracota (argila modelada e cozida ao fogo) tradicionais na África, estão as esculturas em bronze e artefatos em pérola. Uma das artes mais conhecidas é a de Lajuwa, que segundo o povo de Ifé permaceu no palácio real, mostrando os vestígios em terracota, antes de ter sido redescoberta.

Lajuwa foi o camareiro de Oni (soberano do reino de Ifé ou Aquele que possui). A atribuição dessa terracota a Lajuwa não é estabelecida de maneira segura, entretanto a escultura foi preservada e conservou uma superfície lisa, ainda que o nariz tenha sido quebrado.

A maior parte das descobertas das obras foi feita nos BOSQUETES SAGRADOS: vastas extensões de terras situadas no coração da savana. Cada uma destas descobertas é consagrada a esta ou aquela divindade, entre elas:

- BOSQUETE SAGRADO DE OLOKUM:
cobre uma superfície de 250 ha, ao norte da saída da cidade de Ifé. É dedicado a OLOKUM, divindade do mar e da riqueza.

- BOSQUETE SAGRADO D'IWINRIN:
encerra numeroso tesouro artístico, testemunhado, na maior parte, uma arte extremamente realista e refianada. Uma delas é de um personagem com 1,60 m de altura, sentado num banco redondo, esculpido em quartzo e provido com um braço curvado para dentro em forma de anél. Apóia o braço em um tamborete retangular com quatro pés, sendo adeado por dois outros de igual tamanho natural, um dos quais tem na mão a extremida de uma vestimenta cortada.
Supõe-se que o artista tenha manuseado a argila crua em separado. Depois de concluído foi seca ao sol e cozida numa imensa fogueira ao ar livre, obtendo uma terracota de cor uniforme.

- BOSQUETE SAGRADO OSON-GONGON: os arqueólogos descobriram uma variedade de esculturas de argila cozida e a maior parte de uma mesa micácea. Entre elas está a cabeça da própria OSON-GONGON, porém menos refinada do que a de LAJUWA. Ao lado desta escultura, há numero sas outras representando persona-gens com deformações físicas, uma delas com elefantíase nos testículos (doença ligada intimamente ao espírito dos negros e à impotência sexual), objeto de tratamento com rituais especiais. Nos funerais, a liturgia era feita por um sacerdote da antiga sociedade ORO, tida aos "ocidentalizados" como formas mostruosas. O principal achado é o vaso do ritual destes funerais, decorado em relevo. Revela certos ritos e insígnias religiosas de Ifé. Vêem-se com os efeitos: Edans (bastões de bronze, utilizados pelos membros da Sociedade OGBONIS na cerimônia secreta), um bastão de ritual com uma espécie de espiral saliente em ambos os lados, um tambor, um objeto com dois crânios na base, um machado e dois presonagens sem cabeças.

BOSQUETE SAGRADO DE ORE: possue abundantes esculturas de homens e animais. O grupo principal é constituído de duas estátuas humanas, a maior é cha-manda IDENA, o porteiro.
IDENA usa um colar de pérolas (contas), diferente dos demais usados em estátuas de terracota. Na cintura ostenta um laço e tem as mãos entrelaçadas. A cabeleira não é esculpida, mas representada por pregos de ferro fincados, como acontece na srte de Ifé.

BOSQUETE SAGRADO DE ORODI: encontra-se nele uma estátua de pedra com a cabeça e o corpo enfeitados com pregos, similares aos que ornam Idena. Tem na mão direita uma espada e na esquerda um abano. Está situada em Enshure, província de Ado Ekiti.

 

O grande Deus Olodumaré enviou Oxalufã (Orixá) para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colo-caria o camaleão para saber se es-tava firme.Oxalufã foi avisado para fazer uma oferenda ao Orixá Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um Orixá funfun, Oxalufã se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda. Exu des-contente, resolveu vingar-se de Oxalufã, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo alternativa, Oxalufã furou com o seu apaasoro o tronco de uma palmeira. Um lí-quido refrescante dela escorreu, era o vinho de palma. Ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.

OLODUMARÉ, vendo que Oxalufã não cumpriu sua tarefa, enviou Odùdùwa para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalufã estava embriagado, Odùdùwa recebeu o direito de vir e criar o mundo.
Após Odùdùwa cumprir sua tarefa, os outros deuses vêm se reunir a ele, descendo dos céus graças a uma corrente que ainda se podia ver, segundo a tradição, no BOSQUE DE OLOSE, até há alguns anos. Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada a Oxalufã: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros.

Odùdùwa interveio novamente, anulou os monstros gerados por Oxalufã e criou os homens bonitos, sãos e vigorosos, que foram insufla dos com a vida por OLODUMARÉ. Esta situação provocou uma guerra entre Odùdùwa e Oxalufã. O último foi derrotado e então ODÙDÙWA tornou-se o primeiro ONI (rei) de Ifé. Distribuiu seus filhos e os enviou para
criar novos e vários reinos fora de Ife Mais tarde os Orixás retornaram a Orum, deixando na terra seus conhecimentos e como deveriam ser cultuados seus toques, comidas e costumes, para que fossem cultuados pelos seus descendentes. Então o ser humano começou a fazer pedidos aos Orixás e para que cada pedido fosse atendido eles ofereciam comida em troca. Ao contrário do que se pensa, nem todos os pedidos são atendidos, embora os Orixás sempre aceitem as oferendas. Quando um Orixá recebe um pedido, ele o leva a Olodumaré e este decide se o pedido vai ou não
ser atendido. Este julgamento vai ser baseado no merecimento da pessoa que fez o pedido.

O povo continua fazendo oferen das aos Orixás até hoje, pois os Orixás procuram sempre fazer o melhor para as pessoas. O círculo dos deuses é constituído segundo o número 16, número sagrado no candomblé. Ele se en-
contra em toda parte: no número de búzios, no número de chamas da lâmpada dos sacrifícios, na numeração dos membros físicos e psíquicos, quer dizer, das forças e das partes que possui o homem na organização hierárquica...

(FONTE: lendas dos Orixás... AUTORES DIVERSOS JÁ CITADOS NO TEXTO) texto sobre  candomblé Por Pai Cido de Osum Eyn

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                              Qualidades de Orixás

                                                                Escrito por Ifatola

  
Sobre as Qualidades de Orixas"
 
 
 
Qualidade de Orixás
Escrito por Ifatola
  

Sobre as Qualidades de Orixas"

Existe sem duvida no Brasil uma questão muito polêmica sobre as multiplicidades dos orisas

chamada por todos de qualidade de orisa   Para melhor entendimento é que na África não há

qualidade de orisa; ou seja, em cada região cultua-se um determinado orisa que é considerado

ancestral dessa região e, alguns orisas por sua importância acaba sendo conhecido em vários

lugares como é o caso de Sàngó, Orumila, etc.  É

de se saber que Esu é cultuado em todo território africano, da forma que  Osun da

cidade de Osogbo é Osun Osogbo, da região de Iponda é a Osun de Iponda, Ogún da

região de Ire é Ogún de Ire (Onire: chefe de ire), do estado de Ondo é Ogún de Ondo,etc.

Na época do tráfico de escravos veio para o Brasil diversas etnias 

Ijesas, Oyos, Ibos, Ketus,etc e cada qual trouxe seus costumes juntos com seus orisas

digamos particulares, e após a mistura dessas tribos e troca de 

informações entre eles cada sacerdote ou quem entendia de um determinado orisa trocaram

fundamentos e a partir daí surgem todos esses aspectos, e essa quantidade de orisa presente

aqui no Brasil, sendo que o orisa é o mesmo com origens diferenciadas.  É claro que por ter

origens diferenciadas seus cultos possuem particularidades religiosas e até mesmo culturais

por exemplo Oyá Petu tem seus fundamentos assim como Oyá Tope terá o seu, isso nada

mais é, que uma passagem do mesmo orisa por diversos lugares e cada povo passou a

cultuá-lo de acordo com seus próprios costumes. Um exemplo mais nítido é que aqui fazemos

muitos pratos para Osun com feijão fradinho, entretanto num determinado país nãohá esse

feijão portanto foi substituído por um grão semelhante e assim puderam continuar com o culto a

Osun sem a preocupação de importar o feijão fradinho.

Outro exemplo de orisa transformado em qualidade no Brasil é Osun kare, Kare é uma

louvação à Osun quando se diz: Kare o Osun! A palavra kare também é uma espécie de bairro

na África, logo Osun cultuada em kare é Osun kare, e por vai surgindo desordenadamente

essa quantidade de orisa aqui no Brasil. Imagine um rio que atravessa todo território Nigeriano

e, em suas margens diversas etnias que num determinado local algumas pessoas diria que ali

é a morada de Osun Ijimu (cidade de Ijumu na região dos Ijesa), mais para frente em Iponda

diria aqui é a morada de Osun Iponda, mais para frente, em Ede esse rio terá o culto de Ologun

Ede, o chefe de guerra de Ede segundo sua mitologia, e serão diversos orisas cultuados num

mesmo rio por diversas etnias com pequenas particularidades. Isso acontece com todos orisas

e suas mitologias fazem alusão a essas passagens e constantes peregrinação de seus

sacerdotes quer por viajens comercias ou por guerras intertribais sempre espalharam seus

orisas em outras regiões.

Outro fato interessante é títulos que algumas divindades possuem e foram transformadas em

qualidades, por exemplo Ossosi akeran, akeran é um titulo de um determinado caçador

(ancestral) com isso vamos na próxima edição analisar esses fatos e informar todas qualidades

de orisa da nação keto que o sacerdote pode ou não mexer de acordo com o conhecimento de

cada um, pois o nosso dever é informar sem a pretensão de nunca ser o dono da verdade Na

próxima edição vamos diferenciar, títulos de nomes de cidades, nomes tirados de cânticos que

as pessoas insistem em dizer que é qualidade de orisa.

  Sobre a multiplicidade dos orisa. 

Vamos separar a qualidade como é chamada no Brasil (em Cuba chama-se caminhos), dos

títulos e de nomes tirados de cantigas como insistem pseudo sacerdotes. Já sabemos que os

orisa são venerados com outros nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba), Loko

(Gege), Sango (Oyo), Oranfe (Ife), isso torna o culto diferente. Temos também o segundo

nome designando seu lugar de origem como Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare),etc, também

temos os orisa com outros nomes referentes as suas realizações como Ogun Mejeje refere-se

as lutas contra as 7 cidades antes dele invadir Ire, Iya Ori a versão de Iyemanja como dona das

cabeças, etc. Há portanto uma caracterização variada das principais divindades, ou seja, uma

mesma divindade com vários nomes e, é isso que multiplica os orisas aqui no Brasil.  

  Vamos começar com Esu o primogênito orisa criado por Olorun de matéria do planeta

segundo sua mitologia, ele possui a função de executor, observador, mensageiro, líder, etc.

Alem dos nomes citados aqui que são epítetos e nomes de cidades onde há seu culto, ele será

batizado com outros nomes no momento de seu assentamento, ritual especifico e odu do dia.

Não será escrito na grafia Yoruba para melhor entendimento do leitor.

 

 EXU:

  Oba Iangui : o primeiro, foi dividido em varias partes segundo seus mito.  

 

Agba: o ancestral, epíteto referente a sua antiguidade.  

 

Alaketu: cultuado na cidade de ketu onde foi o primeiro senhor de ketu.  

 

Ikoto: faz referencia ao elemento ikoto que é usado nos assentos esse objeto lembra o

movimento que esu faz quando se move do jeito de um furacão.  

 

  Odara: fase benéfica quando ele não está transitando caoticamente.

 

Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de búzios.  

 

Igbaketa: o terceiro elemento, faz alusão ao domínios do orita e ao sistema divinatório.

 

Akesan: quando exerce domínios sobre os comércios.  

 

Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados. Culto em Ijelu.  

 

Ina: quando e invocado na cerimônia do ipade regulamentando o ritual.  

 

Ona: referencia aos bons caminhos, a maioria dos terreiros o tem, seu fundamento reza que

não pode ser comprado nem ganhado e sim achado por acaso.  

 

  Ojise: com essa invocação ele fará sua função de mensageiro.  

 

Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui total domínio.  

 

Elegbo: possui as mesmas atribuições com caracterizações diferentes.

 

Ajonan: tinha seu culto forte na antiga região Ijesa.  

 

Maleke: o mesmo citado acima.

 

Lodo: senhor dos rios, função delicada dado a conflitos de elementos

 

Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao masculino simbolizando virilidade e

procriação.  

 

  Ogiri Oko: ligado aos caçadores e ao culto de Orumila-Ifa.  

 

Enugbarijo: nessa forma esu passa a falar em nome de todos os orisas.  

 

Agbo: o guardião do sistema divinatório de Orumila.  

 

Eledu: estabelece seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que foi petrificado.  

 

 Olobe: domina a faca e objetos de corte é comum assenta-lo para pessoas que possuem

posto de Asogun.  

 

  Woro: vem da cidade do mesmo nome.

 

Marabo: aspecto de esu onde cumpre o papel de protetor Ma=verdadeiramente,

Ra=envolver, bo=guardião. Também chamado de Barabo= esu da proteção, não confundi-lo

com seu marabo da religião Umbandista.  

 

  Soroke: apenas um apelido, pois a palavra significa em português aquele que fala mais alto,

portanto qualquer orisa pode ser soroke.  

  

Ogún, Òsòósí e Ode lembrando que nem todos caçadores tomaram o titulo de Òsòósí e, na

África, Òsòósí em certas regiões é feminino tomando o aspecto masculino no antigo reino de

Ketu. Ode que dizer caçador, porém, nem todos Ode's são Òsòósí; Ijibu Ode, Ikija, Agbeokuta,

são alguns lugares onde houve seu culto, pois seu culto, expandiu-se mesmo aqui no Brasil

onde ele é lembrado como rei de Ketu, Ogún em outro aspecto foi chefe dos caçadores (Olode)

entregando essa função mais tarde para seu irmão caçula Òsòósí para partir em buscas de

suas inúmeras batalhas.  Já em certas mitologias o caçador passa a ser

sua esposa Òsòósí L`Obirin Ogun, ou seja, Òsòósí é a esposa de Ogún, segundo o verso

desse mito. 

Isso afirma o chamado enredo de santo aqui no Brasil quando se diz que para assentar Òsòósí

temos que assentar Ogún e vice versa. Era costume africano quando os caçadores tinham que

partir em busca de suas presas, louvarem Ogún para que tudo desse certo, de òrìsà

secundário na África Òsòósí, passou a uma condição importantíssima no Brasil sendo òrìsà

patrono da nação Keto, senhor absoluto da cerimônia fúnebre do asesé, alguns cânticos fazem

alusão a essa condição: Ode lo bi wa, ou seja, o caçador nos trouxe ao mundo. Eis alguns

nomes de Ogún/Òsòósí/Ode conhecidos, sobretudo no Brasil e seus aspectos, características,

 

origem e particularidades:  

 

  Ogún Olode: epíteto do òrìsà destacando sua condição de chefe dos caçadores.  

 

Ogún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou conhecido: um de seus nomes em razão de sua

preferência em receber cães como oferendas, um de seus mitos o liga a Osagìyán e Ìyémojá

quanto a sua origem e como ele ajudou Osalá em seu reino fazendo ambos um trato.

 

  Ogún Meje: aspecto do òrìsà lembrando sua realização em conquistar a sétima aldeia que se

chamava Ire (Meje Ire) deixando em seu lugar seu filho Adahunsi.  

 

  Ogun Waris: nessa condição o òrìsà se apresenta muitas vezes com forças destrutivas e

violentas. Segundo os antigos a louvação patakori não lhe cabe, ao invés de agradá-lo ele se

aborrece. Um de seus mitos narram que ele ficou momentaneamente cego.  

 

  Ogún Onire: Quando passou a reinar em Ire, Oni = senhor, Ire = aldeia.  

 

Ogún Masa: Um dos nomes bastante comum do òrìsà, segundo os antigos é um aspecto

benéfico do òrìsà quando assim ele se apresenta.  

 

  Ogun Soroke: apenas um apelido que Ogún ganhou devido a sua condição extrovertida, soro

= falar, ke= mais alto. Nossa historia registra o porque o 

chamam assim.  

 

  Ogún Alagbede: nesse aspecto o òrìsà assume o papel de pai do caçador e esposo de

Ìyémojá Ogunte (uma outra versão de Ìyémojá) segundo um de seus inúmeros mitos.

 

  Há vários nomes de Ogún fazendo alusão a cidade onde houve seu culto como Ogún Ondo

da cidade de Ondo, Ekiti onde também há seu culto, etc. O òrìsà possui vários nomes na África

como no Brasil e com isso ganha suas particularidades e costumes.  

  Ode/Ososi.  

 

Há uma síntese sobre esse orisa na edição anterior, eis então suas várias formas de se

 

apresentar:  

 

Ososi akeran = um titulo do orisa;  

Ososi Nikati = um de seus nomes;  

Ososi Golomi = um de seus nomes;  

Ososi Fomi = um de seus nomes;  

Ososi Ibo = um de seus mitos o liga a Ossaniyn;  

Ososi Onipapo = um dos antigos, tem culto a mais de um século no país;  

Ososi Orisambo = possui seu assentamento diferente dos demais;  

Ososi Esewi/Esewe = seu mito o liga a Ossaniyn e as vezes a Osala segundo os "antigos";  

Osossi Arole = uns de seus epítetos;  

Ososi Obaunlu = segundo registro há um assentamento deste orisa aqui no Brasil desde

1616 no ase de D.  

  Olga de alaketu, é considerado o patrono de ketu;  

Ososi Beno = um dos mais antigos, detalhe tem assento aqui em São Paulo, cidade

considerada emergente para tradições do candomblé Keto, com poucas casas antigas.

  Ososi DanaDana = aquele que ateou fogo ou roubou, um epíteto dos mais perigosos dado

ao caçador.  

 

 

  Ode Wawa = epíteto do caçador;não se tem notícia do seu culto no Brasil;  

Ode Wale = epíteto do caçador, não se tem notícia de seu culto no Brasil;  

Ode Oregbeule = é um Irunmale, portanto acima do orisa foi um dos companheiros de

Odudua em sua chegada na terra segundo sua mitologia;  

  Ode Otin = outro caçador confundido com Ossosi, sua lenda o identifica ora como uma

caçadora ora como um caçador, contudo sua ligação com Ossosi é fato, Otin se apresenta

sempre junto com ele a ponto de confundi-los;  

  Ode Karo = um do caçadores que também mora as margens de um rio é irmão de Igidinile.  

Ode Ologunede = o chefe de guerra de Ede, titulo ganhado quando seu pai o entregou aos

cuidados de Ogún;  

  Olo = senhor, gun = guerra, Ede = um lugar na áfrica.É filho de um outro caçador

chamado Erinle tendo como mãe Osún Iponda. O posto de asogun, a priori, surge desse mito

que o liga a Ogún companheiro de seu pai.

  Possui outros nomes como Omo Alade, ou seja, o príncipe coroado. Não há qualidades de

Logun como acreditam alguns tais como locibain, aro aro, etc., são apenas nomes tirados de

cânticos, aliás aro quer dizer tanta coisa menos nome de orisa. O nome Ibain é de um outro

caçador homenageado nos cânticos de Ologun, esse caçador inclusive é o verdadeiro

proprietário dos chifres tão importantes no culto. Oba L`Oge é um outro nome para esse orisa.

É da região de Ijesa;  

  Ode Erinle = outro caçador confundido com Osossi no Brasil. Seu assento é completamente

diferente dos demais, pois Erinle ou Inle é um orisa do rio do mesmo nome, o rio Erinle que

corta a região de Ilobu na Nigéria. Encontra-se seus mitos no odu Okaran-Ogbe e Odi-Obara.

Sua esposa é Abatan pois é considerado médico e ela enfermeira, seu culto antecede o de

Ossayn, o pássaro os representam. Ibojuto é a sua própria reencarnação representado pelo

bastão que vai em seu assentamento e tem a mesma importância do Ofa de Ossosi.Tem uma

filha chamada Aguta que às vezes se apresenta como irmã ou como filha sendo sua mãe

Ainan. Ode Otin se apresenta como sua filha, às vezes e ai é representado por uma enguia.

Ainda temos Boiko como seu guardião, Asão seu amigo e Jobis seu ajudante. No Brasil o ligam

a Osún e a Iyemanja pois segundo sua lenda é pela boca dela que ele fala, Erinle é um orisa

andrógino e considerado o mais belo dos caçadores;  

  Ode Ibualama = uma outra versão para Erinle quando ele se apresenta mais ao fundo do rio,

há um templo com esse nome na África fazendo alusão ao seu fundador. Aliás há vários

templos mas todos são de um orisa só: Erinle nessa situação o caçador traça um outro

caminho e pactua seus mitos com Omolu, Osumare, Nana,etc. A montagem de seu Igba (cuia)

também difere de um simples alguidar com um ofa para cima como é comum as pessoas não

esclarecidas assim fazer.  

  

Ossaniyn, Omolu, Oluaye, Osumare, Nanan e Iroko.  

 

Ossaniyn = Também chamado Baba Ewe, Asiba, que são epítetos do orisa. Possui seu

próprio sistema divinatório; o orisa exerce suas funções interligadas a Esu composto ao mesmo

tempo em que ele. Kosi ewe, kosi orisa: Sem folhas, sem orisa.  

 

  Osumare = Chamado Araka seu epíteto. É o orisa do arco-íris e da transformação, não deve

ser confundido com o vodun Becem que se apresenta como Dangbe, Bafun, Danwedo todos

da família Danbira e cultuados em outra nação.  

 

  Omolu / Obaluaye = É como se apresenta o orisa sapata transmutando-se para formas

conhecidas tais como: Agoro, Telu, Azaoni, Jagun, Possun, Arawe, Ajunsun, Afoman, etc, cada

qual com suas particularidades.  

 

  Nanan = apresenta-se nas formas conhecidas como: Iyabahin, Salare, Buruku, Asainan, sem

culto no Brasil. É sempre bom lembrar que muitos nomes são de lugares onde se cultua o

orisa. Por exemplo: Ajunsun é o Rei de Savalu, assim como Dangbe é o Rei do Gege, portanto

são nomes que dão origem as suas formas.

:  

  Iroko = orisa da gameleira (no Brasil), controla a hemorragia humana.  

 

Iyabas  são os orisá feminino.  

 

Oba = orisa guerreira é única em seu aspecto.

 

Iyewá = orisa guerreira única em seu aspecto.  

 

Osún Opara = a orisa se apresenta jovem e guerreira.  

Osún Iponda = jovem e guerreira, da cidade de Iponda.  

Osún Ajagura = jovem e guerreira, nação nagô - Oyo, Pernambuco.  

Osún Aboto = aspecto maduro da orisa.  

Osún Ijimun = aspecto idosa e dada as feitiçarias, ligação com Iami Eleye.  

Osún Iberin = aspecto maduro da orisa, nessa forma não desce nas cabeças.  

Osún Ipetu = aspecto maduro da orisa.  

Osún Ikole = seu mito a liga a Iemanjá e Ode Erinle, transformou-se numa ave.  

Osún Popolokun = Conta os antigos que não vem mais, será?.  

Osún Osogbo = ela deu oringem ao nome da cidade de Osogbo.  

Osún Ioke = Se apresenta como caçadora.  

Osún Kare = Um de seus títulos, Kare tem seu próprio nome que poucos conhecem.  

 Iyeyeo Ominibu = epíteto da Osún.  

 

 

Iyemoja Ogunte = orisa se apresenta jovem e guerreira.  

Iyemoja Iyasesu = assume a maternidade de Sàngó é ranzinza e respeitável.  

Iyemoja Saba = uma das formas da mãe.  

Iyemoja Maleleo = não se obteve noticias desse aspecto no Brasil.  

Iyemoja konla = seu mito conta que ela afoga os pescadores.  

Iyemoja Ataramaba = Nessa forma ela está no colo de sua mãe olokun.  

Iyemoja Ogunde = aspecto da orisa cultuado no Nagô em Pernambuco.

Iyemoja Iyá Ori = nessa forma ela assume todas as cabeças mortais.  

Iyamase = forma de quando ela é definitivamente mãe de Sàngó.  

Iyemoja Araseyn = fuxico com Ossayn.  

 

 

Oyá Leseyen = uma das Igbales que mora no próprio Lesseyen.  

Oyá Egunita = orisa Igbale.  

Oyá Foman = orisa Igbale.  

Oyá Ate Oju = orisa Igbale aspecto dificil de Oyá quando caminha com Nana.  

Oyá Tope = uma de suas formas.  

Oyá Mesan = um de seus epítetos.  

Oyá Onira = rainha da cidade de Ira.  

Oyá Logunere = uma de suas formas.  

Oyá Agangbele = esse caminho mostra a dificuldade quando a geração de filhos.  

Oyá petu = nesse aspecto ela convive com Sàngó.  

Oyá Arira = uma de suas formas.  

Oyá Ogaraju = uma das mais antigas no Brasil.  

Oyá Doluo = eró ossayn; culto Nagô.  

Oyá Kodun = eró com Osaguian.  

Oyá Bamila = eró Olufon.  

Oyá Kedimolu = eró Osumare = Omolu.    

 

 

Texto Adaptado por Ifatolá

FONTE   https://www.orixas.com.br/index.php?view=article&catid=31:orixas&id=52:qualidade-de-orixas&format=pdf&option=com_content&Itemid=102

 

 

 

 

      OUTROS ORIXÁS NÃO CULTUADOS NO BRASIL

  • Òge são os cachos que eram de ogum e vivem com shango segun referência de alguns signos.

  • Òkè

  • Abita (Parece mais um Òrìsà do novo mundo que da Nigéria). Trata-se de uma espécie de divinidad nova criada em Cuba a partir do sincretismo entre Èsù e Lucifer. O nome "Abita" prove da deformación da palavra "Albita" que vem de "Alva" e faz referência o Lucero da Alva, representativo do Ángel caído Lucifer.

  • Àbatà

  • Aña (àyán) Divinidade dos tambores.

  • Bóròmũ e Bóròsiá são eru

  • Yembó ou Yemú Divinidade feminina. É a mulher de Obàtálá e às vezes nomeia-se-lhe na diáspora como Osanla hembra, outras como Yemoja Nana.

  • Ori deidad que nasce com o ser humano dantes deste ter consciência própria.

  • Maltrata (?)

  • Maltrate shalunga

  • Aroni Divinidad que vive nos montes e trabalha com as ervas, tem uma sozinha perna e se acha que é o mensageiro de Òsànyìn.

  • Ayao

  • Dadá

  • Egbe Divinidade que representa ao dobro espiritual que está no Orun vivendo como um reflito da cada Ser Humano.

  • Esí

  • Korikoto

  • Olosa Divinidade das Lagoas.

  • Oranmiyan Filho de Ògún e Odùdúwà, diz-se que nação com a metade de seu corpo claro (por Oduduwa) e a outra metade escuro (por Ogun). Foi o fundador da cidade de Òyó (Old Oyo, ao norte da actual Oyo)

  • Orungan relaciona-se como o fogo eterno entre outros.

  •  

  • Òròiná o fogo do centro da terra.

  • Iku Não é um òrìsà, senão que se trata de um ajogun buburu, aqueles que lutam na contramão dos homens.

Os yoruba também veneran seus egungun (ancestros).

História e Doutrina

Os fundamentos da religião Yoruba podem rastrearse nos inícios da história africana e o que actualmente conhecemos é um compendio ou sincretismo de vários cultos regionais que se foram fundindo através das diferentes correntes de invasões e conformaciones de estados. A nação Yoruba tem seus inícios na fundação da cidade estado de Ile Ife, e ao decorrer nos séculos esta foi expandiéndose até absorver os pequenos reinos e estados que a rodeavam. Assim, ao panteón original de Ile Ife foram se somando diferentes deidades locais das nações circundantes. Segundo as tradições yorubas, Ile Ife foi fundada por um mítico rei chamado Oduduwa, denominado também Obalufe (Rei do povo de Ife) e de acordo com Ademola Iyi-eweka investigador da cultura Edo (benin) provavelmente Oduduwa seja o mesmo Ekaladerhan, um príncipe Edo que escapou da cidade de Benín (na Nigéria)à morte de seu pai para se refugiar em Ilè-Ifè. Seus filhos e descendentes formaram uma dinastía de reis que foram divinizados e posteriormente transformados em Orisa. Como nas tradições gregas antigas, os Orisas foram seres mortais que por alguma razão devieram em seres divinos, deidificados por seu povo em virtude de actos notáveis em vida; de facto, a semelhança entre as lendas gregas e yorubas são numerosas. É de mencionar que quase todos os Orisa foram em vida reis da nação yoruba, grandes guerreiros e reformadores da civilização. Quanto ao dogma e doutrina, a religião tradicional tem seus pilares na crença na reencarnación, na evolução espiritual das almas e o descanso final das almas em Orun (plano ou mundo espiritual). Orì, a porção ou destello de divinidad que habita em todo ser e que reside na cabeça, é prévio conhecedor de seu destino e é quem elege onde e quando tem de reencarnarse; ao nascer o menino, Ori ocupa seu lugar, dando-lhe força a Awa (a alma, que, como em outras religiões, é o sopro de vida e força vital do ser). Uma vez vivo o ser, começa a desandar o caminho para cumprir com seu destino, caminho que pode ser alterado pelas osogbo [forças negativas] ou irè [sorte ou forças positivas]. Dentro da religião yoruba é fundamental o sistema adivinatorio, que é utilizado para descobrir o destino do consultante, que inclinação apresenta (para ire ou para osogbo)e daí agrados ou sacrifícios se podem realizar para corrigir essas inclinações. A religião yoruba sustenta hoje que é eminentemente monoteísta, sendo Oloorun (deus) o criador e senhor do universo, e os Orisas os equivalentes aos santos católicos, intermediários ante deus dos homens.

 

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