A ascensão de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.

Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar, apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-lhes ensinamentos e confirmando que receberiam o Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que, após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser encoberto por uma nuvem.

Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi recebido nos céus e se assentou à direita de Deus. É Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento, informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado ao céu (Lucas 24:50-52).

Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram olhando para o céu até que tiveram a visão de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela atitude, os quais teriam proferido as seguintes palavras:

Diferente da ocasião da dramática morte de Jesus na cruz, Lucas diz que os discípulos não ficaram entristecidos com a aparente separação ocorrida na ascensão, mas retornaram felizes para Jerusalém.

Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do mundo (Mateus 28:20).

Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus durante sua prisão em Patmos e recebe a missão de escrever o Apocalipse.Supostas relíquias de Jesus

Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita pelos protestantes, existem muitas relíquias atribuídas a Jesus. É provável que muitas (se não todas) dessas relíquias sejam falsificações medievais.

Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida relíquia de Jesus é o Sudário (σινδών, sindón, que significa "pano" em grego), atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de linho e mede 442 x 113 cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação, a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um filme fotográfico.Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo AB.

As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de sangue, uma costela e os restos da circuncisão de Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as lascas da cruz (uma das quais, provavelmente original encontra-se no Obelisco do Vaticano), a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz e taça que ele teria usado na última ceia (o Santo Graal). 

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O Jesus da história

Manuscritos, descobertas arqueológicas e uma mudança de mentalidade favorecem um avanço na reconstituição da Palestina de há 2.000 anos

 

Roberto Pompeu de Toledo(REVISTA VEJA)

 

Não há quem desconheça esta história. Tem um presépio no começo, pregação e milagres no meio e, no fim, um trágico ato de solidão, humilhação e morte. Não há história mais contada, de geração em geração, mais dissecada nos livros, nem mais repisada, nas artes plásticas, nos últimos 2.000 anos. Conhecem-se detalhes ínfimos. Por exemplo, que havia um burro e urna vaca na gruta, no nascimento do menino. Quatro autorizados historiadores, Mateus, Marcos, Lucas e João, também chamados evangelistas, deixaram para nossa perpétua memória o registro de como se passaram as coisas. Por vezes tiveram mesmo o cuidado de enquadrar o relato central dentro de seu devido pano de fundo histórico, como Lucas, ao escrever que tudo começou quando o rei Herodes reinava na Judéia, sendo Quirino governador da Síria, e na ocasião em que Augusto, imperador de Roma, ordenou um censo universal. E assim poderíamos prosseguir, chegar ao fim do parágrafo em perfeita paz e excelsa glória e até encerrar o assunto por aqui, pois se a história é sobejamente conhecida não há o que acrescentar, se não fosse um detalhe: o que se concluiu até agora é falso.

 

Não há história mais cheia de furos, esta é a verdade. Os relatos são confusos, as zonas de sombra se sucedem, as contradições abundam. Caso se leia cada Evangelho por si, verticalmente, muito bem - cada história até que exibe certa coerência. O problema começa quando se parte para a leitura horizontal, comparando um com outro. Em Mateus, José é avisado por um anjo do próximo e auspicioso nascimento. Em Lucas, é com Maria que isso acontece. Em Mateus, o menino recém-nascido é visitado por reis magos, ou apenas "magos", como ele prefere. Já em Lucas quem o visita são pastores. Fez-se a conciliação no presépio juntando magos e pastores, e até acrescentando a eles uma vaquinha e um burrinho. Por falar nisso, de onde surgiram tais animais? Não há registro deles nos Evangelhos. A rigor, também não há registro de gruta ou estábulo. O que há é uma referência, em Lucas, a uma manjedoura, onde se colocou o bebê, "porque não havia lugar para eles na sala". O texto é obscuro, mas em todo caso fala em "sala", não em gruta ou estábulo, e dá a entender que se providenciou uma manjedoura à falta de berço, não mais que isso. O resto - uma noite passada no estábulo, à falta de alojamento na cidade, a vaca, o burro... esse resto é folclore. não registro dos Evangelhos.

 

Quando se compara os evangelistas com outras fontes, externas a eles, o resultado pode ser desastroso. Veja-se o caso do douto Lucas, quando dá suas coordenadas históricas - ele erra tudo. O rei Herodes, da Judéia, já havia morrido, quando Quirino passou a governar a Síria. Portanto, pelo simples e bom motivo de que não houve simultaneidade entre ambos os governos, nada pode ter acontecido quando um e outro governavam simultaneamente. E mais: não se tem notícia de censo universal algum ordenado por Augusto. É fácil concluir que estamos no meio de um cipoal. Que história era mesmo essa? Quem nasceu onde, e quando? Há enormes dificuldades, sim. Por vezes sentimo-nos perdidos na floresta, sem bússola. Mas há também uma boa notícia, para a qual se pede a gentileza da atenção do distinto público. Lá vai: nos últimos anos. tem-se registrado um notável progresso nas pesquisas sobre Jesus.

 

O que se vai abordar aqui é o Jesus histórico. Que isso fique claro, de uma vez por todas. Não é o Jesus teológico. Não é o Cristo dos altares. Tampouco é o Jesus de cada um. nascido no recôndito recanto da intimidade onde brota, ou não brota, a fé. O Jesus em questão é o que nasceu, viveu e morreu na Palestina, concretamente, num determinado período histórico. Sobre esse Jesus um dos maiores estudiosos do Novo Testamento neste século, senão o maior, o alemão Rudolf Bultmann, escreveu, nos anos 20: "...já não podemos conhecer qualquer coisa sobre a vida e a personalidade de Jesus, uma vez que as primitivas fontes cristãs não demonstram interesse por qualquer das duas coisas, sendo além disso fragmentárias e muitas vezes lendárias, e não existem outras fontes". Bultmann era pessimista, como se vê, a ponto de depor as armas, no que se refere à pesquisa histórica de Jesus. Compare-se agora sua afirmação com outra, formulada em 1985 por um respeitado especialista irlandês, E.P. Sanders: "A opinião predominante em nossos dias parece consistir em que podemos conhecer muito bem o que Jesus queria dizer, que podemos saber muito sobre o que ele disse..."

 

Que houve, entre os anos 20 e os 80, que aumentou assim a confiança nas pesquisas? Muita coisa: descobertas de manuscritos e sítios arqueológicos, uma nova mentalidade na abordagem do assunto, um rigor crescente. O otimismo que passou a contagiar os especialistas é ilustrado pelo fato de ser farta, e crescente, a produção intelectual no setor. A bibliografia é imensa. Este artigo se baseará em seis livros recentes, três saídos ou que sairão em breve no Brasil e outros três recém-publicados em língua inglesa. Um desses livros, cuja edição brasileira acaba de ser lançada, é Jesus no Judaísmo, de James H. Charlesworth, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Depois de citar as opiniões acima transcritas, de Bultmann e Sanders, Charlesworth acrescenta, a respeito do avanço das pesquisas: "... o fugidio pano de fundo da vida de Jesus está agora muito mais claro do que era, mesmo há vinte anos".

 

Estamos num mundo de alta erudição. De gente capaz de mergulhar num papiro em hebraico ou grego antigo e voltar à tona misturando o resultado com os recursos da moderna antropologia. Sobretudo, estamos num mundo de obcecados, de estudiosos que consagram a vida a meditar sobre um só assunto, e dos quais se exige, entre outros talentos, um tirocínio de Sherlock Holmes. Tome-se o caso da análise do professor Joel B. Green de uni versículo que aparece em Mateus e também no chamado Evangelho de Pedro, um dos vários Evangelhos ditos apócrifos, de confecção considerada tardia, ou seja, já muito distanciada da morte de Jesus, e não reconhecidos pela Igreja. O versículo refere-se ao momento em que, com Jesus já morto e sepultado, os sacerdotes dizem a Pilatos: "Ordena pois que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para que os discípulos não venham roubá-lo e depois digam ao povo: Ele ressuscitou dos mortos" (Mt 27:64). Mais especificamente, a questão repousa sobre um trecho que aparece idêntico, em Mateus e em Pedro: "...para que os discípulos não venham roubá-lo..." Quem copiou quem? Mateus copiou Pedro ou Pedro copiou Mateus?

 

Naturalmente, a dúvida só surgiu por conta de especialistas que passaram a sustentar a tese de que, ao contrário de se tratar de um texto tardio, ou seja, já do segundo século depois de Cristo, como em geral ocorre com os apócrifos, o Evangelho de Pedro seria um documento de alto valor, cronologicamente situado ainda à frente dos quatro Evangelhos oficiais, ou canônicos, que se considera escritos mais ou menos entre os anos 70 e 100 do século 1.

 

Green pegou aquele fiapo de frase, "para que os discípulos não venham roubá-lo", e se pôs ao trabalho. Descobriu que a palavra "discípulo" é comum em Mateus, que a usa 73 vezes, mais do que qualquer outro dos três evangelistas canônicos. Já no Evangelho de Pedro, não aparece nenhuma outra vez. O verbo "roubar" (klepto, no original grego) aparece quatro vezes em Mateus e, de novo, nenhuma em Pedro. Enfim, a preposição "para", no sentido de "a fim de" (mepote, em grego), aparece sete outras vezes em Mateus, e apenas uma outra em Pedro. Conclusão: o cacoete verbal, ou, para ser mais elegante, o "estilo", é de Mateus. Com toda a probabilidade, é ele a matriz. Pedro, ou seja lá quem for o autor que é chamado de "Pedro", já que nunca se tem certeza das atribuições de autoria, mesmo no caso dos quatro evangelistas consagrados, copiou-o. Portanto, seu Evangelho é posterior.

 

Separar entre a documentação antiga o que tem valor e o que não tem é uma das trabalheiras dos pesquisadores. O público leigo em geral tem fascinação pelos evangelhos apócrifos - a fascinação de entrar num território proibido. Eles são fascinantes mesmo, pelas extravagâncias que chegam a conter. Num deles, Jesus é um menino mágico que faz passarinhos de barro e, depois de bater palmas, põe-nos a voar. Noutro, Jesus, também menino, roga uma maldição e faz cair morta uma criança que o perseguia. Outra cena de infância é mais formidável ainda. Jesus quer brincar com um grupo de crianças, mas elas fogem dele e se refugiam numa casa. Jesus chega e pergunta à dona da casa onde estão as crianças. A dona da casa, para protegê-las, diz que ali não tem crianças. O barulho que ele está ouvindo em outro cômodo é de bodes. Jesus ordena então: "Deixa os bodes saírem". A mulher vai abrir a porta do cômodo e descobrir o quê? Bodes. Jesus transformara seus desafetos em bodes, de vingança, para horror da mulher.

 

Com uma ou outra exceção, os apócrifos são fáceis de descartar. Trata-se de coletâneas de histórias inventadas, algumas em meios populares onde a religião ainda mal se separava da feitiçaria. Tarefa muito mais complicada, a que todos os pesquisadores do Jesus histórico se dão, é tentar discernir, nos evangelhos canônicos, o que pode ser considerado realmente de Jesus e o que é elaboração posterior. Os canônicos foram escritos a uma distância entre quarenta e setenta anos da morte de Jesus por autores que possivelmente não foram testemunhas de primeira mão de sua vida. Mesmo no caso dos dois evangelistas que são incluídos no time original dos doze apóstolos, Mateus e João, é muito discutível se foram eles mesmos, ou pelos menos aqueles mesmos Mateus e João que conheceram Jesus, os autores dos textos.

 

Como saber o que é "histórico" em seus relatos? Os estudiosos utilizam-se de variados critérios. Um deles, óbvio, é o da múltipla atestação. Quanto mais um episódio, ou dito de Jesus, for repetido, pelos diferentes evangelistas, mais chance tem de ser verdadeiro. Outro, mais refinado, é o do embaraço. Se um determinado episódio era embaraçoso para as lucubrações teológicas dos primeiros cristãos, e mesmo assim foi conservado nos Evangelhos, é porque deve ser verdadeiro. É o caso do batismo de Jesus por João Batista. Foi muito difícil explicar às primeiras comunidades cristãs por que o superior, isto é, Jesus, havia se deixado batizar pelo interior, isto é, o Batista. Se foi assim, e apesar disso foi consagrado nos textos, então é porque o episódio deve ser verdadeiro.

 

O estudo lingüístico, que se viu na comparação entre os textos de Mateus e o Evangelho de Pedro, é um dos instrumentos que se tem para a pesquisa sobre Jesus. Outro são as descobertas arqueológicas. E entre elas nenhuma se iguala, em qualidade e fartura, aos chamados Manuscritos do Mar Morto, um conjunto de papiros achado a partir de 1947 nas cavernas da região de Qumram, no moderno Israel. e que até agora ainda não foram completamente restaurados e decifrados. Os Manuscritos do Mar Morto têm servido para muita coisa, nos últimos quarenta anos, inclusive para uma exploração sensacionalista que se situa, na imaginação popular, naquele perigoso terreno entre as previsões de Nostradamus e o segredo dos discos voadores. Na verdade, sabe-se hoje muito bem o que eles são. São uma antiga biblioteca, eis tudo - e é muito. Inclusive, no início dos anos 50, depois da descoberta dos manuscritos, escavações realizadas nas proximidades pelo padre francês Roland de Vaux trouxeram à luz uma construção que, destruída e queimada no ano 68 da nossa era, concluiu-se tratar-se sem dúvida de um antigo convento.

 

A partir daí formou-se um impressionante consenso entre os especialistas - nas cavernas, os membros da seita de Qumram esconderam a biblioteca do convento. Viviam-se os dias tempestuosos da revolta judaica contra o domínio romano que resultaria, no ano 70 da nossa era, na destruição de Jerusalém. Esconder os manuscritos, acondicionados em jarras, na iminência de um ataque romano que realmente viria a varrê-los do mapa, foi a maneira que os membros da seita encontraram de preservar seus documentos para a posteridade.

 

A seita em questão, muito provavelmente, é a dos essênios, cujo rastro encontra-se em muitos outros textos da antiguidade. Na biblioteca que eles esconderam nas cavernas há de livros do Velho Testamento a documentos específicos da seita, como o Manual de Disciplina, que era seguido por seus membros. Os documentos foram datados de um período que vai do ano 200 antes de Cristo até 67 depois. Ou seja: muitos deles são até contemporâneos de Jesus. Há centenas de textos completos e milhares de fragmentos, que vêm sendo pacientemente remontados por uma comissão na qual se misturam especialistas judeus e cristãos, sob a supervisão do governo israelense. Decepção: até agora, apesar de serem documentos da mesma época, não há nenhuma menção a Jesus. Isso não invalida, no entanto, o imenso valor dos textos de Qumram para o conhecimento da época e do ambiente que circundava Jesus. "Penetrar no mundo dos Manuscritos do Mar Morto equivale a mergulhar no tempo e no ambiente ideológico de Jesus", escreve Charlesworth, o já citado autor de Jesus no Judaísmo.

 

Os textos de Qumram revelam idéias muito próximas das de Jesus. Havia entre os membros da seita uma acentuada escatologia, por exemplo - isto é, como em Jesus, um alerta permanente contra o fim dos tempos, que se considerava iminente. Havia também uma total entrega a Deus. Esses e outros traços comuns configuram uma espécie de elo perdido do pensamento judaico entre os tempos do Velho Testamento e o advento da era cristã e sugerem entre um e outro uma transição menos abrupta do que se chegou a supor. A seita de Qumram também escancara a realidade de um judaísmo vibrante e variado, nos tempos de Jesus, tão pouco unitário que alguns autores hoje preferem falar em "judaísmos", não num judaísmo só. No entusiasmo das primeiras descobertas chegou-se a imaginar um Jesus fortemente influenciado pela doutrina dos essênios, quando não um membro da seita.

 

Na verdade, tanto quanto há semelhanças, há diferenças, a mais gritante das quais é a atitude perante as regras judaicas de conduta. Os essênios são ainda mais fanáticos que os fariseus na sua observância. Já Jesus, como se sabe, disse que o "sábado foi feito para o homem, não no homem para o sábado". Ele dava muito pouca importância ao rigor imobilista com que os ortodoxos mandavam guardar o dia santo, como de resto a todas as outras proibições e imposições rituais. Ou melhor: ele estava aí era para subvertê-las mesmo, num contínuo chamamento para a superioridade da pureza e da devoção interiores, não exteriores.

 

Em todo caso, há sinais de influência essênia em Jesus, uma das quais, relativa à expressão "pobres de espírito", uma das fórmulas enigmáticas de Jesus - a outra é "o Filho do Homem" -, configura uma conclusão de Charlesworth que se poderia classificar de espetacular. "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus", diz a primeira das bem-aventuranças, do Sermão da Montanha (Mt 5:3). Que pobres de espírito serão esses? Eis a resposta de Charlesworth: pobres de espírito, bem como pobres, "são termos técnicos, usados pelos essênios para se descreverem". O autor cita um dos documentos de Qumram, o chamado Manuscrito da Guerra, para desfiar numerosos exemplos em que os essênios chamam-se a si próprios de pobres, ou pobres de espírito, identificados como "os perfeitos do caminho", que acabarão por derrotar os iníquos.

 

Outra importante descoberta de manuscritos, feita até um pouco antes, em 1945, ocorreu no Egito, na região de Nag Hammadi. Entre os 53 documentos ali encontrados, todos em copta, a língua falada no Egito, nos primeiros anos da cristandade, inclui-se o chamado Evangelho de Tomé, uma coleção de 114 ditos de Jesus, enfileirados, um atrás do outro, em que alguns vêem a tradução de um original semita talvez dos primeiros tempos. No setor das ruínas desenterradas ultimamente cite-se a casa de Cafarnaum, que Charlesworth, entre outros especialistas, está convencido tratar-se da casa de São Pedro referida nos Evangelhos, entre muitos outros motivos pelo fato de terem sido encontrados anzóis num dos seus compartimentos, exatamente um dos instrumentos de trabalho de seu presumível proprietário. "A descoberta é virtualmente inacreditável e sensacional", observa Charlesworth. Nessa casa Jesus hospedou-se e operou milagres, segundo os Evangelhos. Charlesworth enfatiza, extasiado, que com a descoberta da casa de Pedro tem-se "o mais antigo santuário cristão já desenterrado em qualquer parte".

 

Fique-se por aqui, embora houvesse ainda muito o que enumerar, em matéria de descobertas. Acrescente-se apenas que a elas juntou-se nos últimos anos uma nova e muito produtiva mentalidade, a de analisar Jesus à luz do ambiente, dos documentos e da cultura judaica em que, naturalmente, estava imerso, algo que, por mais óbvio, não se fazia, por preconceito ou rivalidade religiosa. A soma de tudo isso é auspiciosa. Um escritor inglês do qual adiante se falará mais extensamente. A.N. Wilson, autor de outra das obras saídas por estes dias - Jesus, a Life -, chega a afirmar: "O mundo de Jesus tem sido colocado num foco mais preciso por nossa geração do que por qualquer outra geração anterior, desde o ano de 70 desta era". O ano 70, como já se recordou, é o da arrasadora repressão promovida pelos romanos contra os judeus. De alguma forma, fisicamente, o mundo de Jesus morreu aí. Ao mesmo tempo, segundo prossegue Wilson, a fé católica enveredou por seu "caminho curioso", caracterizado por muito "pouco interesse nas origens semitas de Jesus e ainda menor conhecimento delas". Afinal, quem era Jesus? E por que incomodava tanto a ponto de ser condenado a morrer na cruz? 

  

AS FACES DE JESUS

Isabela Boscov(REVISTA VEJA)

 

No primeiro século da era cristã, os judeus da Palestina não tinham sobrenome. Quando o prenome não bastava para a identificação, juntava-se a ele o local de origem – daí Jesus ter ficado conhecido como Jesus de Nazaré, a cidade da Galiléia onde foi criado. Pouco se sabe de sua vida. Jesus era pobre, mas não destituído. Abaixo de sua classe, a dos pequenos artesãos e agricultores, havia ainda uma legião de miseráveis. Numa atitude incomum em seu tempo, Jesus contemplou essas pessoas com compaixão destacada em suas pregações. Dedicou igual atenção às prostitutas, aos adúlteros, aos ladrões e à odiada categoria dos cobradores de impostos, símbolo da dominação romana sobre a Palestina.

 

Ao longo dos séculos, consolidou-se a idéia de que a palavra de Jesus foi como uma febre a varrer a Palestina. No entanto, de uma perspectiva estritamente histórica, tudo indica que não foi bem assim. A pregação do Nazareno provavelmente não durou um ano inteiro, e profetas não eram um artigo tão raro naqueles tempos. Os milagres, exorcismos, profecias e ensinamentos de Jesus atraíam muita gente, mas é provável que não se tratasse de multidões. Sinal disso é que, só alguns dias após sua entrada em Jerusalém para celebrar a Páscoa, Jesus foi preso, julgado e crucificado por Pôncio Pilatos. Na Páscoa, a guarda romana em Jerusalém se punha em alerta máximo – com a cidade repleta de gente inflamada por um festival religioso, era uma oportunidade quase certeira para rebeliões contra Roma. Se a comoção provocada pela chegada de Jesus tivesse sido excepcional, a reação teria sido imediata. Aos olhos de Caifás, o sumo-sacerdote judeu de Jerusalém que o denunciou, e do governador romano Pilatos, Jesus provavelmente não passava de mais um entre muitos indícios de instabilidade na região.

 

Como foi possível, então, que esse homem humilde e obscuro se convertesse na peça central da fé que mais tem adeptos em todo o planeta – cerca de 2 bilhões de cristãos, ou um terço da humanidade –, e que vem resistindo com surpreendente vitalidade às mudanças dramáticas por que o mundo passou nesses vinte séculos? Todas as respostas a essa pergunta têm de começar por um ponto crucial: o mundo de significados contidos na figura de Jesus, que parecem não se esgotar nunca, seja para seus fiéis, seja para os adeptos de outras religiões, que se viram inexoravelmente tocados por aquela que foi a grande força escultora da civilização ocidental.

 

O tempo de Jesus foi pródigo nos chamados profetas escatológicos – não no sentido que se dá hoje ao termo, claro, mas na acepção da palavra escatologia, que quer dizer "a doutrina das últimas coisas". Ou seja, a doutrina do fim dos tempos, uma parte fundamental do judaísmo nessa época. Também Jesus era um profeta escatológico e anunciava a instauração iminente do Reino de Deus na Terra. A diferença é que só de Jesus se disse ser o Filho de Deus. Desde os primeiros judeus que se converteram ao seu chamado, todos que o atendem ainda hoje o fazem por um ato supremo de fé: a crença de que Deus se fez homem (e nunca o contrário), como prova do amor por Seu rebanho.

 

Não custa lembrar que, no tempo de Jesus, só os judeus acreditavam num único Deus. Todo o restante da Antiguidade seguia magotes de divindades. Poder-se-ia presumir, portanto, que a pregação de Jesus só se dirigia aos judeus, e só interessaria a eles. Mas, durante os meses em que peregrinou pela Palestina, Jesus teve oportunidade de se indispor com todo poder político e religioso que houvesse ali. Pelo que se depreende dos Evangelhos Sinópticos – aqueles escritos por Marcos, Lucas e Mateus, que se julga serem a mais fidedigna fonte sobre a obra de Jesus –, o Nazareno nunca pediu fidelidade a si nem deu sinal de que pretendia fundar uma Igreja. Ao contrário, deixou claro que, para Deus, não havia eleitos: a salvação poderia pertencer a todos os que se arrependessem de seus pecados e que amassem não só o próximo, mas também seus inimigos. Mais do que fundar uma religião, o intento parecia ser o de formar uma comunidade em moldes inéditos. Para Helmut Koester, professor de estudos do Novo Testamento da Universidade Harvard, a fórmula de batismo com que se iniciam as Cartas de Paulo é, na verdade, uma fórmula sociológica. São Paulo escreve que em Cristo não há nem judeus nem gregos, nem homens nem mulheres, nem escravos nem libertos. "Aí está uma comunidade que convida a todos e que transforma todos em iguais, sem desvantagens", diz Koester.

 

Hoje é fácil enxergar a beleza da mensagem de Jesus, mesmo que não se acredite em sua origem sagrada. Por volta do ano 30, contudo, essa beleza tinha algo de subversivo. Ao Império Romano, não agradava que alguém andasse por seu território dizendo que o Reino de Deus era o único verdadeiro. À hierarquia religiosa judaica, também não soava bem que um jovem sem profissão ou título definidos fosse anunciado como o Filho de Deus – e mais ainda que convidasse imorais e gente de outras religiões a compartilhar desse Deus. Essas duas coisas já bastariam para fazer de Jesus um alvo. Mas ele tinha ainda, segundo os Evangelhos, o dom de operar imensos milagres, como curar leprosos, multiplicar os alimentos ou ressuscitar os mortos. Ou seja, sua fama crescia e suas palavras cada vez mais se faziam ouvir. Num acordo político nebuloso para os historiadores, o sacerdote Caifás e o governador Pilatos decidiram, então, condenar Jesus, que atraíra os olhares para si naquela Páscoa ao invadir o Templo de Jerusalém para desbaratar os comerciantes que trabalhavam ali. Num ritual destinado a produzir o máximo de humilhação, o Nazareno teve uma coroa de espinhos fincada em sua cabeça e carregou sua própria cruz até o monte chamado Gólgota, onde foi crucificado entre dois ladrões.

 

É certo que nem os doze apóstolos de Jesus esperavam por um desfecho tão trágico. Mas foi por causa desse fim prematuro e aparentemente inglório que, nos anos seguintes à morte de Jesus, um embrião de Igreja começou a surgir em torno dele. A razão está num dos maiores mistérios ligados a Jesus, e também um dos dogmas mais sagrados do cristianismo – a Ressurreição. São taxativos os relatos transmitidos pelos evangelistas de que, após sua morte, Jesus se fez ver em várias ocasiões por seus discípulos. De acordo com Lucas, na segunda vez em que apareceu, comeu até peixe assado. "Se Deus o fez ressurgir dos mortos, ele não era apenas um mensageiro divino, como seus seguidores provavelmente julgavam de início. Teria de ser o próprio Messias", explica o pesquisador Michael L. White, diretor de estudos religiosos da Universidade do Texas em Austin. Daí o título Cristo – em grego, "o ungido" – ter se agregado a seu nome desde cedo.

 

Séculos de debates teológicos ainda não deram conta de todas as implicações da Paixão e Ressurreição. Mas elas estão na essência da maneira como os cristãos enxergaram e enxergam Jesus no decorrer desses 2000 anos. A doutrina que foi se cimentando nos primeiros séculos da Igreja ensina que Cristo tem uma dupla natureza: é integralmente divino e integralmente humano. É divino porque é uma das três formas de Deus – a Santíssima Trindade, composta por Pai, Filho e Espírito Santo – e, como tal, existe desde antes da Criação. Jesus é, assim, Deus encarnado em homem, e por ser o Filho é que seu sacrifício tem poder para redimir toda a humanidade de seus pecados. Mas Jesus é também humano porque nasceu de uma mulher e viveu entre os homens. E, mais importante, porque se entregou à cruz com um temor e um coração humanos. A salvação, assim, não é algo a que só o Filho de Deus possa almejar, mas o ideal por que cada ser humano deve se nortear. A Ressurreição, por sua vez, confirma a crença na vida eterna e indica que os homens podem ganhar um lugar ao lado do Criador.

 

São tantas as facetas contidas nessa equação que não é de admirar que Jesus tenha adquirido representações tão diversas ao longo dos séculos – e que elas muitas vezes convivam no tempo, já que a cristandade nunca primou pelo caráter homogêneo. Nos primeiros séculos da Igreja, Jesus era quase sempre representado num trono, com uma esfera que simboliza o mundo nas mãos. Era o chamado Pantocrator, a palavra grega para "senhor de todas as coisas". Sob forte influência da filosofia helênica, o que se acentuava aí não era a dimensão humana de Jesus, mas, ao contrário, a sua majestade – a garantia de que o mundo seria regido por uma ordem eterna e superior. Talvez não por coincidência, esse era o momento em que o Império Romano se esfacelava e a sensação de caos institucional se aguçava – embora associações diretas entre os eventos históricos e a espiritualidade cristã quase sempre resultem em explicações demasiadamente simplificadas de uma coisa e de outra.

 

O interregno entre a Antiguidade e a Idade Média é um dos períodos mais obscuros da história da civilização. Mas o que emergiu dele, nos séculos XII a XIV, é um outro Jesus – o Cristo humano. Vêm dessa época as imagens de Cristo crucificado e a ênfase nas suas chagas, seu sangue e sua dor. Um emblema dessa guinada é São Francisco de Assis, que devolveu suas vestes ao seu pai rico e renunciou a todas as posses materiais. Atribui-se a Francisco a invenção do presépio, que é um conduto para esse Cristo de carne e osso – a criança, o pobre, aquele que partilha a condição humana no que ela tem de mais simples e humilde. É como se Francisco e as santas místicas como Catarina de Siena e Santa Brígida tivessem em Cristo uma pessoa próxima e amiga, uma figura de conforto à qual se ligavam de forma quase que afetiva.

 

Essa tendência a acentuar a concretude de Cristo teve um seguimento dos mais relevantes para a história ocidental com Santo Inácio de Loyola, que fundou a Companhia de Jesus, no século XVI. Para os jesuítas, que se tornariam altamente influentes tanto em assuntos religiosos como terrenos, o sentimento para com Cristo beirava o companheirismo. Os jesuítas se consideravam soldados de Jesus e o tinham como um modelo, ético e de vida, do qual todos poderiam se aproximar. Se essa noção parece moderna, não é por acaso. A espiritualidade cristã passava por um momento de descoberta do eu, do sujeito, e buscava um caminho para incorporá-lo à dimensão religiosa. No século XVII, São Francisco de Salles escreveu um livro de grande impacto, Introdução à Vida Devota, no qual defendia que não era preciso se recolher a um mosteiro para imitar Cristo. As pessoas que tinham família ou profissão na vida comum e não tencionavam deixá-las também podiam viver uma vida cristã plena. Com modificações e alguma simplificação, é essa a linha de pensamento que guia importantes correntes da atualidade, como o protestantismo liberal e o espiritismo kardecista. Jesus, para essas denominações, é fundamentalmente um exemplo ético – aquele que ensinou a praticar o bem e a solidariedade. Ou, no caso dos kardecistas, o mais iluminado entre os espíritos de luz e o comandante de um colegiado de espíritos encarregados de transmitir a sua boa-nova – é esse o significado da palavra evangelho. Não há dúvida de que esses são preceitos positivos. Mas eles se colocam relativamente à margem da tradição cristã por tirar de Jesus a dimensão mística que esta considera inalienável, a da ligação com o Pai.

 

Não é coincidência que a diocese de São Francisco de Salles ficasse na Suíça, onde então se desenrolava a Reforma Protestante. Ela aflorou na Europa por razões políticas e também como resposta ao anseio por uma espiritualidade mais interiorizada, sem o exagero de festas, procissões e sinais de fé quase sempre exteriores que marcaram o cristianismo medieval. Por causa disso, e também por causa da revolta contra a riqueza da Igreja Católica, luteranos, calvinistas e as várias outras correntes protestantes viriam a se desfazer de símbolos que, em seu entender, haviam nascido da instituição, e não da religião. Pode-se até dizer que os protestantes viam na profusão de santos, imagens e crucifixos e na imensa devoção católica à figura da Virgem Maria um quê de panteísmo. Tudo isso foi recusado pelo protestantismo, que passou a se pautar por ideais de austeridade absoluta e por uma consciência aguda do pecado, num ideal de renúncia que sempre foi uma forte inspiração dentro do cristianismo.

 

Um dos aspectos mais impressionantes do cristianismo é a maneira como ele se misturou à trama das civilizações – quando não é o próprio fio de que elas foram tecidas. Num mundo pós-11 de setembro, em que as tensões entre o Ocidente e o mundo muçulmano se tornaram tão acirradas, pode ser difícil imaginar que a figura de Jesus seja um dos tijolos do islamismo. Mas Maomé, o grande profeta do Islã, costumava se retirar no deserto para refletir sobre os ensinamentos de Cristo, e tanto este quanto a Virgem Maria são citados em vários pontos do Corão, o livro sagrado do islamismo. Os seguidores de Maomé não acreditam que Jesus seja o Filho de Deus, já que o Corão diz que Alá não gerou nem foi gerado, e repudiam a Santíssima Trindade, que violaria o conceito da unicidade de Deus. Mas consideram Jesus um dos grandes profetas e admitem a concepção imaculada – Maria teria engravidado de Cristo, ainda virgem, por intercessão divina. Os muçulmanos também aguardam a volta de Jesus, mas não crêem na crucificação. Segundo eles, Alá teria poupado Cristo, fazendo com que aqueles que olhassem para a cruz vissem seu rosto no de um outro homem. Essas diferenças teológicas mais séculos de hostilidades, das quais as Cruzadas são um dos ápices mais trágicos, fizeram os caminhos de cristãos e maometanos divergir, mas não suas perspectivas sobre a religião como instrumento de fraternidade.

 

Como no caso das Cruzadas ou da Inquisição medieval, em que os padres atiravam à fogueira os suspeitos de heresia, os pecados da Igreja Católica muitas vezes se confundiram com a fé cristã. Mas apenas momentaneamente. O cristianismo tem mostrado uma resistência espetacular, e se recompõe a cada revés ou ataque. "Apesar de toda a decadência da Igreja, Jesus Cristo nunca foi perdido", observa o teólogo suíço Hans Küng, que participou do Concílio Vaticano II, entre 1962 e 1965, e anos mais tarde se indispôs violentamente com a instituição. "O nome de Jesus Cristo é como um fio de ouro na tapeçaria da história da Igreja. Embora muitas vezes a tapeçaria esteja rota e encardida, aquele fio é sempre usado de novo", completa Küng. Como na parábola, Jesus sempre tem outra face a oferecer.

 

Poucos episódios ilustram tão bem essa perenidade quanto os golpes desferidos contra a religião pelo iluminismo, nos séculos XVIII e XIX, e os subseqüentes movimentos racionais e materialistas. Quanto mais se sofisticavam os métodos de pesquisa histórica e mais se afinavam os instrumentos da filosofia, menos lugar parecia haver para o dogma e os atos de fé. Tudo aquilo que está no Novo Testamento era tido como de origem duvidosa. Chegou-se a dizer que a existência de Jesus – hoje amplamente comprovada – era uma fraude. As marcas deixadas por essa maré foram profundas. O protestantismo se abriu para algum questionamento, a separação entre Igreja e Estado se consumou em todo o mundo ocidental e, nos países que adotaram regimes socialistas, as religiões foram proibidas. Mas o mundo cristão não encolheu. O padre Alberto Antoniazzi, teólogo e diretor do projeto Pastoral de Belo Horizonte, lembra-se de uma passagem ilustrativa: "Em 1850, o francês Auguste Comte sonhava que, em poucos anos, ele pregaria o racionalismo na Catedral de Notre-Dame. Mas o iluminismo não deixou de ser um fenômeno restrito a algumas elites, e Notre-Dame continua consagrada. Comte, enfim, se mostrou um mau profeta".

 

Abolir a fé cristã, como desejava Comte, é uma operação impossível, por obra da riqueza de significados de Jesus. Basta dizer que, no século XIX, ele inspirou vários movimentos de operários, que viam em Cristo o primeiro socialista. É uma espécie de licença poética, ou política, que na história recente foi adotada também pela Teologia da Libertação, uma ala de esquerda da Igreja Católica que floresceu durante o apogeu das ditaduras latino-americanas. Trata-se de uma licença porque, embora Jesus de fato tenha visado a instaurar relações humanas mais solidárias, ele sempre o fez pela ótica da reforma religiosa. A mensagem dos Evangelhos é clara: os homens devem amar-se uns aos outros porque essa é uma forma imprescindível de manifestar o amor a Deus. Essas visões corretas, mas incompletas, de Cristo são um dos maiores desafios que a cristandade enfrenta hoje. Quantas vezes, por exemplo, não se ouve alguém pedindo a ajuda de Jesus para os assuntos mais banais? No trato popular, ele virou quase que um intercessor entre os crentes e uma esfera que mal-e-mal se poderia chamar de divina. "É humanamente compreensível, claro. Mas o que a Igreja quer é que Jesus seja um exemplo, e não um orixá a mais", diz o padre Antoniazzi.

 

Mesmo correntes que vieram engrossar os cordões do cristianismo em tempos recentes não escapariam a essas críticas. A ênfase, hoje, se coloca sobre a festa, o louvor e a celebração. São sentimentos legítimos. Mas, para quem deseja compreender Cristo com algum equilíbrio, eles não podem se manifestar em detrimento de outros, menos prazerosos. Também fazem parte da experiência de Jesus o recolhimento, a dor, a penitência e a abnegação. Estes, porém, andam em franco desuso, e a causa pode ser mais cultural do que espiritual. O despreparo para lidar com a contrariedade é um efeito perverso da atual capacidade do homem de dominar seu mundo. Assim como qualquer amenidade tecnológica, espera-se que Deus nos sirva e nos seja fiel, quando o sentido da cristandade sempre esteve no contrário.

 

No reverso da medalha, a liberdade para abraçar a fé como uma opção pessoal, e não como uma imposição, é uma conquista a ser comemorada. Ela é um caminho para uma espiritualidade nascida da convicção e capaz de devolver ao homem uma dimensão que não raro é triturada por uma sociedade que valoriza tanto o poder e a eficácia. Sem essa liberdade, não haveria também o ecumenismo, ao qual o Concílio Vaticano II promovido pelo papa João XXIII dedicou tanta atenção no início dos anos 60, no intuito de reafirmar a supremacia do Evangelho sobre os detalhes da liturgia. Quando protestantes, católicos, ortodoxos e todos os outros cristãos dão mais valor àquilo que os une do que às barreiras que os separam, pode-se imaginar o sentido de comunhão propiciado pela expressão "irmãos em Cristo", com que os primeiros convertidos se saudavam. O significado é ainda maior quando as celebrações envolvem cristãos, judeus, muçulmanos, budistas ou quem mais queira se juntar a elas: trata-se de reconhecer que os caminhos, embora diversos, visam a levar a um mesmo destino. Como lembra o americano Wayne A. Meeks, professor de estudos bíblicos da Universidade Yale, é mais ou menos isso que imaginava Paulo de Tarso, um judeu que se converteu ao ter uma visão de Jesus. Fundador, junto com São Pedro, da Igreja cristã, São Paulo estava convencido de que, nos planos de Deus, a separação entre judeus e gentios não poderia ser permanente. Os fatos provam, contudo, que essa união só é possível no campo da ética. Para os judeus, a idéia de que Deus tenha sacrificado Seu filho na cruz, ou que um inocente deva morrer pelos pecados de outros, é inaceitável. Nos meios judaicos mais liberais, que não rejeitam o cristianismo como uma religião espúria, Jesus é, no entanto, objeto de respeito como pregador dos ideais universais da fé judaica, e seus ensinamentos são refutados apenas na medida em que conflitam com as escrituras.

 

Tanto São Paulo como São Pedro foram torturados e executados em Roma, numa das inúmeras levas de perseguição promovidas pelo Império nos primórdios da era cristã. Milhares de outros cristãos menos ilustres tiveram um fim idêntico, na maioria das vezes sem que isso os demovesse de testemunhar sua fé em Cristo. Essa determinação levanta uma questão fundamental: o que, afinal, há de tão particular nessa crença que levou tanta gente a, em nome dela, arriscar-se ao ostracismo social e até à morte dolorosa? O sociólogo Rodney Stark dedicou um livro, A Ascensão do Cristianismo, a responder a essa pergunta, e chegou a conclusões que são motivo de regozijo para boa parte daqueles que viveram nesses dois milênios seguintes ao advento de Cristo. Stark lembra que, aos olhos atuais, os deuses pagãos da Antiguidade parecem entidades triviais. Seus poderes e preocupações tinham limites meio ridículos, e sua moral era duvidosa. Conforme acreditavam seus seguidores, os deuses brigavam entre si e pregavam peças de mau gosto nos homens. Para um pagão, a noção de que um deus poderia amar o mundo ou se preocupar com a maneira como os seres humanos tratam uns aos outros soaria absurda. Nunca, no mundo antigo, uma religião formulou um preceito como o que norteia o judaísmo e o cristianismo – o de que Deus ama aqueles que O amam. Ao contrário, a filosofia clássica dizia que a misericórdia era um defeito de caráter. Por conferir alívio sem que algum preço tivesse sido pago por ele, ela seria contrária à justiça. Para ir da teoria à prática, basta dizer que esse era um tempo em que se festejava o aniversário do filho do imperador lançando homens e mulheres às feras, para deleite do menino e da plebe.

 

Foi nesse clima, que hoje apreendemos como abominável, que Jesus trouxe o ensinamento de que a misericórdia e a caridade são virtudes cardeais, e que não é possível agradar a Deus a não ser que nos amemos uns aos outros – não só à família, à tribo ou aos cristãos, mas também aos que estão fora desse círculo e porventura sejam nossos inimigos. Aí estava uma idéia revolucionária, diz Stark, à qual valia a pena se agarrar no brutal mundo romano. Os cristãos transformaram em metáfora o seu desejo, herdado do judaísmo, de ser um único povo sob um único Deus. Puseram-se a demolir as infinitas barreiras étnicas (e os ódios acarretados por elas) do Império Romano, para receber todo e qualquer convertido em suas fileiras. Com isso, conceberam uma cultura sem raça, de tons cosmopolitas. Essa herança permanece. Dentre as grandes religiões praticadas hoje no planeta, o cristianismo é a única que não está primariamente vinculada a traços étnicos. O mundo cristão foi, por assim dizer, o primeiro mundo globalizado da história da humanidade.

 

Rodney Stark afirma ainda que o cristianismo modulou as diferenças de classe e de sexo que eram tão gritantes na Antiguidade. O uso do "irmãos em Cristo", proferido mutuamente por nobres e escravos, homens e mulheres, não era mera retórica. Desses costumes nasceram a solidariedade e a noção de assistência social (além de um embrião de democracia popular), que hoje é tão cara ao mundo civilizado. Foram os cristãos – ainda na condição de proscritos – os fundadores dos primeiros hospitais e asilos. Quando o cristianismo já era a religião oficial do Império – condição que alcançou com a conversão do imperador Constantino, em 313 –, o papa Gregório Magno fez do assistencialismo uma prioridade, empregando as doações dos poderosos para criar um ambiente de estabilidade social que os próprios governantes não eram capazes de proporcionar. Acima de tudo, porém, o cristianismo trouxe uma nova moral a um mundo saturado de crueldade casual e de paixão pela morte alheia, nas palavras de Stark. Uma moral que conferiu aos homens sua humanidade e na qual a virtude é a sua própria recompensa – sob cuja égide ainda vivemos, independentemente de crença, e que ainda estamos muito longe de alcançar plenamente. Está aí uma prova cabal de modernidade.

 

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DISCURSO:

 

DO BEM-AMADO MESTRE JESUS 



 

 

Trago-vos Amor e Saudações de muitos dos integrantes da Hoste Ascensionada - alguns que conheceis - e de outros os quais ireis conhecer.

“EU SOU a Luz, o Caminho e a Verdade”; é o que o sino de Natal está até agora a ressoar por todo o campo da Atividade Cósmica. Na compreensão que vos foi induzida e no poder das palavras “EU SOU”, encontrareis um Círculo Mágico no qual vos podereis mover, invulneráveis ao discordante procedimento humano. Não se trata apenas de conhecer a Presença, mas de colocá-la em ação na mais simples atividade, porque quando tentais uma experiência que não vos é familiar, muitas vezes vos sentis tímidos e inseguros; no entanto, quando aprendeis a usar “EU SOU” na solução de vosso desejo ou problema, observareis que vossa segurança se desenvolve e assim a aplicareis com absoluta confiança. Os discípulos deveriam compreender sempre que é no “Grande Silêncio” ou na aquietação do externo que flui o Poder Interno para a sua realização sempre crescente, e logo virão a saber que basta pensarem no Poderoso Princípio “EU SOU”, para sentirem um aumento de força, vitalidade e Sabedoria que lhes possibilitará prosseguir com um sentimento de Maestria, o qual certamente algum dia, lhes abrirá amplamente as portas através das limitações da criação humana, em direção à Imensidão de sua Verdadeira Liberdade.
Vemos freqüentemente em vossos corações o desejo ardente de uma prova, alguma manifestação surpreendente que venha fortalecê-los na senda. Eu vos asseguro, abençoados filhos da Luz:  qualquer prova dada fora de vosso ser é apenas temporária, mas cada progresso verificado através de vossa própria aplicação consciente, é uma realização eterna e, à medida que continueis a adquirir a Maestria por vossa aplicação auto-consciente, não somente estareis obtendo as coisas imediatas, como também elevando a consciência, até que em pouco tempo verifiqueis terem caído todas as barreiras.
É desta maneira que a porta da limitação humana será selada eternamente, e assim como minha forma externa foi cravada na cruz,  cravai e selai  também vós, pela vossa consciência ascendente, a porta das limitações auto-criadas e senti e conhecei vosso domínio.
Se estais vitalmente interessados em fazer a Ascensão, eu recomendo usarem freqüentemente a afirmação: “EU SOU a Ascensão na Luz”. Isto possibilitará vossa consciência a erguer-se  mais rapidamente da ilusão da criação humana.
É muito importante insistir que, à medida que vivais dentro da "Presença Eu Sou" e aceiteis plenamente seu Poder Transcendente, descobrireis não somente que a luta externa cessa, como também que, à proporção que penetrais mais profundamente na Luz, as coisas externas, que buscastes sempre com tanto ardor, começarão realmente a manifestar-se, porque nesse momento compreendereis exata e plenamente a irrealidade da forma, assim como sua transitória atividade. Sabereis então que dentro de vós e da Luz que vos cerca, está tudo quanto podeis desejar, e o externo, que parecia tão importante, terá perdido seu grande poder de sujeitar-vos. Então, nas coisas externas que vos advirem, virá a alegre liberdade. Esta é a verdadeira atividade das coisas externas.
À medida que vos tornardes conscientes dos Poderes Transcendentais que estão à vossa disposição, sabereis que sois capazes de atrair qualquer coisa que desejardes, sem prejudicar ou afetar qualquer outro filho de Deus.
Esta verdade precisa ser estabelecida firmemente dentro da consciência, pois as almas escrupulosas devem entendê-la bem, para que não se achem, a intervalos, imaginando se é justo serem bem sucedidas enquanto outros, ao seu redor, não obtêm sucesso, porque vosso maior serviço, Eu vos asseguro, é alcançar a Maestria e a Liberdade para vós mesmos. Então, estareis preparados para espalhar a Luz sem serdes afetados pela criação humana, no meio da qual deveis movimentar-vos. Nunca vos sintais tristes ou aflitos se outro Filho de Deus não está pronto para aceitar a Luz, pois se ele não encontra a Luz por sua própria escolha, ainda assim terá galgado um degrau,durante a fase temporária que atravessa.
Quando se começa a obter a Liberação consciente do corpo, compreende-se quão transitórias são essas coisas externas e a pouca importância que têm; porém, quando se entra na Consciência Universal ou na Grande Atividade Cósmica, sente-se que penetrar na Luz é de vital importância. Então, conheceis a alegria da Presença Interior e Sua Atividade Invencível, pelo que vosso coração é inundado de contentamento.
Pouco tempo antes de Eu me tomar consciente de minha Plena Missão, a seguinte afirmação manifestou-se vívida diante de Mim: “EU SOU a Presença que nunca falha ou erra”. Isto, Eu soube mais tarde, foi o Poder sustentador que Me possibilitou SER a Ressurreição e a Vida.
Infelizmente, algumas das afirmações bíblicas foram veladas pelo conceito humano; entretanto, Sou muito grato pelo fato de que muitas tenham permanecido inalteradas. Outra afirmação que usei constantemente, por mais de três anos, foi: "EU SOU sempre o Majestoso Poder do Amor Puro que transcende todo conceito humano e me abre a porta à Luz dentro de Seu Coração". Soube, mais tarde, que isto intensificou grandemente Minha Verdadeira Visão Interna.
Em resposta ao desejo ardente de vossos corações, quero dizer-vos que durante os anos em que a Bíblia parece ignorar Minha atividade, Eu ia de um a outro lugar, em busca de explicação da Luz e Presença que Eu sentia dentro de Mim mesmo, e vos asseguro, amados discípulos, não foi com a facilidade e a rapidez com que estais capacitados a procurar hoje em dia. Aqueles de antigamente, ligados a Mim, estavam felizes por receber o conhecimento daquelas experiências jamais citadas em crônica alguma. Por serem elas de natureza fora do comum, foi considerado pouco prudente apresentá-las à multidão.
Assim decorreu o tempo, através das idades, quando o período de transcendentes experiências começou a desaparecer gradualmente no passado e as pessoas que vieram após ainda não eram suficientemente evoluídas para conceber a Verdade,de forma que excluíram da humanidade revelações tão belas e admiráveis. Todavia, veio agora, em auxílio dos humanos, o Poder do Cristo Cósmico, que se tomou tão real para Mim. Este, através de Seu impulso natural de expressão, está firme e seguramente encontrando seu caminho nos corações e mentes de uma grande  porcentagem da humanidade: existe, pois, muita esperança de que Esta Atividade permita seja erguido o véu da criação humana. Assim, grande número de pessoas verá sinais e prodígios, e os sentirá dentro de seus próprios corações. Então, não poderão ser afastados da Verdade influenciados por dúvidas ou temores humanos.
Eu passei algum tempo na Arábia, Pérsia e Tibet, encerrei minha peregrinação na Índia, onde conheci Meu Amado Mestre, que já havia feito a Ascensão, embora Eu não o soubesse naquela ocasião. Mediante o Poder de sua Radiação, vinham-me revelações após revelações, através das quais Me eram dados decretos e afirmações que Me permitiam manter tranqüila a atividade externa de Minha mente, até que esta não mais tivesse  poder para Me perturbar ou retardar Meu progresso.
A essa altura toda a Glória de Minha Missão me foi revelada e o Eterno Registro Cósmico que Eu haveria de deixar, e que seria instituído naquele tempo, devia ser efetuado para bênção e iluminação da humanidade que viria depois. Talvez estejais interessados em saber que este se tornou um Registro Cósmico Ativo, o que é completamente diferente de qualquer outro registro gravado, pois contém dentro de si, até hoje, o estímulo e o impulso que faz da mente humana um verdadeiro ímã.
Isto explica porque os decretos e afirmações que Eu proferi estão se tornando cada vez mais vívidos através dos séculos e, com o impulso progressivo desta Atividade, auxiliada pela Radiação de outros Poderosos Raios enfocados sobre a Terra, será possível a uma grande parte da humanidade ancorar-se de tal modo na Verdade e na sua aplicação consciente, que uma realização transcendente será concluída com êxito.
Nenhum passo tem importância tão vital como o de colocar perante a humanidade, o Conhecimento do “EU SOU” – sua Fonte de Vida e Seu Poder Transcendente - que está em condições de ser trazido ao uso consciente do indivíduo. Será maravilhoso ver como esta simples, mas Toda-Poderosa Verdade, será divulgada rapidamente entre a humanidade; assim, todos os que pensarem Nela, praticarem sua Presença e dirigirem Sua energia conscientemente através do poder do Amor Divino, encontrarão um novo mundo de Paz, Amor, Saúde e Prosperidade aberto diante deles.
Aqueles que sabem como aplicar o conhecimento do “EU SOU”, jamais serão acossados por desarmonia ou perturbações em seus lares, mundos ou atividades, pois é apenas por uma falta de reconhecimento e aceitação do Pleno Poder desta Poderosa Presença que os indivíduos se deixam perturbar por conceitos e criações humanos.
O discípulo deveria olhar constantemente para dentro do seu eu humano e verificar que hábitos ou criações estão aí que necessitam ser extirpados, pois é apenas recusando permitir por mais tempo a existência de hábitos tais como julgar, condenar e criticar que ele  pode ele ser liberto. A verdadeira atividade do discípulo é aperfeiçoar seu próprio mundo, e ele não o poderá fazer enquanto notar imperfeição no mundo de outro Filho de Deus.
Admiráveis afirmações vos foram dadas para governar harmoniosamente vossa vida e mundo. Aplicai-as com determinação e tereis êxito.
Outra retificação que muitos de vós desejais que Eu faça é sobre minha exclamação na cruz: “Pai, por que me abandonaste”? O que Eu disse foi: “Pai, como me glorificaste”! E realmente recebi, na Glória, o irmão que estava à minha direita na cruz.
Há um certo número destes amados discípulos, que Eu conheci pessoalmente na época da crucificação e, ao enviar-lhes esta mensagem, sinto como se estivesse falando a velhos amigos, pois nesta Grande Presença Ascensionada, séculos são apenas um incidente, e só quando entramos em contacto com os acontecimentos humanos Nos apercebemos do tempo.
Amados discípulos, que tão fervorosamente buscais a Luz, experimentai sentir-vos envolvidos em Meu amoroso abraço; procurai sentir-vos vestidos com esta Luz, tão resplandecente qual o sol de meio-dia. Ancorai dentro de vossa consciência, o sentimento de vossa habilidade para fazer a Ascensão, para que, a cada dia, vos aproximeis mais da plenitude dessa Realização.
Cortai os laços das coisas da Terra que vos mantêm atados. Sabei que no Amor, na Sabedoria e no Poder que aceitais de vossa Poderosa Presença “EU SOU”, está o poder que efetua este trabalho transcendente.
Recordai sempre que "Deus em vós é a vossa Vitória". A Presença “EU SOU” que faz bater vosso coração, é a Luz de Deus que nunca falha, e pela aceitação dessa Presença, vosso poder para libertar Sua energia e dirigi-La é ilimitado.
É para Mim uma grande alegria e um privilégio continuar associado ao meu Amado Irmão Saint Germain, no trabalho de enviar, através de Minha Radiação Consciente, uma assistência definida aos discípulos que podem aceitar a instrução de Saint Gemiam. Isto continuará durante todo o ano de 1934. Não me interpreteis mal, “EU SOU” irradiará a toda a humanidade; porém, nesta Radiação aos discípulos, Eu tenho o privilégio de apresentar um Serviço especial.
Em meu Amor eu vos envolvo. Com minha Luz Eu vos visto. Com Minha Energia eu vos sustento para que possais prosseguir impávidos em vossa busca da felicidade e aperfeiçoamento de vós mesmos e de vosso mundo. Confio que isto trará uma Radiação tal, que podereis sentir bem-estar no decorrer do ano, e que vosso êxito possa trazer-vos ilimitada alegria.
“EU SOU a Presença Iluminadora e Reveladora manifestada com todo Poder”.

JESUS, O CRISTO

"O livro de ouro de Saint Germain" - capítulo 27